Política

Recuperação fiscal chega à Assembleia

Recuperação fiscal chega à Assembleia
Projetos enviados pelo governo estadual passarão agora por comissões antes de serem apreciados no plenário - CREDITO: CHARLES SILVA DUARTE

Começou a tramitar na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) a proposta de adesão do Estado ao Regime de Recuperação Fiscal (RRF) da União. O Projeto de Lei (PL) 1.202/19, do governador Romeu Zema (Novo), foi recebido em Plenário ontem, assim como duas outras proposições relativas à Companhia de Desenvolvimento Econômico de Minas Gerais (Codemig).

Na prática, o PL 1.202/19 autoriza o Executivo a solicitar a adesão ao RRF por meio de um Plano de Recuperação Fiscal, no qual serão especificadas as medidas e os ajustes, impactos e prazos para sua implementação. Esse plano, segundo o projeto, deve corrigir os desequilíbrios nas contas públicas, por meio de “medidas emergenciais e de reformas institucionais”.

São princípios do plano, ainda de acordo com o PL 1.202/19, sustentabilidade econômico-financeira, equidade intergeracional, transparência nas contas públicas, confiança nas demonstrações financeiras, celeridade nas decisões e solidariedade entre os Poderes e os órgãos da administração pública. O RRF terá a duração de 36 meses, prorrogáveis por igual período.

Crise – Na mensagem que acompanha o projeto, Romeu Zema detalha a crise fiscal em Minas, agravada pela recessão econômica do País. Além do aumento das despesas em 11,3 pontos percentuais acima do crescimento das receitas entre 2014 e 2018, ele destaca a ampliação do passivo, como os restos a pagar, que chegaram a R$ 28,2 bilhões em janeiro de 2019.

Dados da Secretaria do Tesouro Nacional, citados na mensagem, apontam que a condição financeira de Minas é a mais grave entre os estados da federação, com comprometimento de 50% da Receita Corrente Líquida com restos a pagar. O governador menciona ainda, entre outras dificuldades, a falta de repasses constitucionais aos municípios e o parcelamento dos salários dos servidores.

Venda da Codemig – Outro projeto recebido em Plenário é o PL 1.203/19, que autoriza a privatização e outras formas de desestatização da Codemig. Isso pode incluir delegação, desinvestimentos ou parcerias, mediante alienação de ações que garantam o controle acionário, abertura de capital, arrendamento, extinção, concessão, parceria público-privada, entre outros.

A proposição ainda autoriza a aplicação da receita de capital derivada dessa operação para o pagamento do Regime Próprio da Previdência Social dos servidores públicos.

A Codemig cuida, entre outros ativos, das águas minerais, da indústria de alta tecnologia, dos terminais rodoviários de Belo Horizonte, de ações relacionadas ao turismo, dos distritos industriais e, sobretudo, da mineração do nióbio, o grande atrativo da empresa.

Créditos – Por fim, foi recebido também pelo Plenário o PL 1.205/19, que autoriza a cessão de direitos creditórios do Estado relacionados à Codemig. A cessão, onerosa, será para pessoas jurídicas de direito privado ou fundos de investimento e envolve créditos presentes e futuros, até dezembro de 2032. Esses créditos incluem dividendos da Codemig ou juros sobre capital, entre outros.

O PL 1.205/19 não tem relação direta com a adesão ao RRF. A proposição deixa claro que a receita com a cessão dos créditos poderá ser utilizada para compensar déficits da Previdência Social do Estado. Na mensagem que acompanha o projeto, porém, o governador assegura que a operação será fundamental para garantir o pagamento integral do 13º salário de 2019 do funcionalismo e auxiliará também no pagamento regular dos salários, hoje parcelados.

A expectativa do Executivo é de arrecadar R$ 4,5 bilhões com a cessão dos créditos da Codemig, conforme afirmou o secretário de Planejamento e Gestão, Otto Levy, na última segunda-feira (7), durante o Assembleia Fiscaliza.

Na Assembleia, os PLs 1.202 e 1.205 vão passar pela análise das Comissões de Constituição e Justiça (CCJ), Administração Pública e Fiscalização Financeira e Orçamentária (FFO). Já o PL 1.203 será encaminhado à CCJ, Administração, Desenvolvimento Econômico e FFO. (Com informações da ALMG)

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