Legislação

Grupo Techint entra na mira de nova fase da Lava Jato

Grupo Techint entra na mira de nova fase  da Lava Jato
Techint, segundo investigações, faria parte do “clube” de empreiteiras que se revezavam para obter licitações com a Petrobras - Crédito: Sergio Moraes/Reuters

Curitiba – A Polícia Federal (PF) deflagrou ontem a 67ª fase da Operação Lava Jato, que tem como alvo principal o Grupo Techint, empresa ítalo-argentina com subsidiárias no Brasil.

Estão sendo cumpridos 23 mandados de busca e apreensão nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Paraná. Os suspeitos também tiveram os bens bloqueados pela Justiça Federal, na ordem de R$ 1,7 bilhão.

Segundo as investigações, a Techint integrava o conhecido “clube” de empreiteiras que se revezavam para obter licitações com a Petrobras, esquema que foi desvendado pela Lava Jato. Para isso, teria repassado propina a ex-diretores da Petrobras, como a Renato Duque.

A investigação também abrange outros ex-funcionários da estatal e duas empresas de consultoria, que teriam fornecido contratos fictícios para dar aparência legal ao repasse de verbas.

A operação, denominada Tango & Cash, remete, segundo a PF, aos valores de propinas e ao fato de que a empresa envolvida na investigação pertence a um grupo ítalo-argentino.

Pacote de propinas – As obras que teriam integrado o pacote de propinas são a Refinaria Landulpho Alves, na Bahia, o Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro e o Gasduc 3, também no Rio, todas construídas em parceria com outras empresas, como a Odebrecht. O total desses contratos soma R$ 3,3 bilhões.

Foram encontrados, segundo o Ministério Público Federal, documentos no setor de propinas da Odebrecht que comprovariam autorizações de pagamentos de US$ 1,2 milhão (R$ 4,9 milhões), entre 2009 e 2010, ao diretor da Techint no Brasil, Ricardo Ourique Marques.

Apenas para Renato Duque, a empresa teria repassado US$ 12 milhões (R$ 49 milhões), entre 2008 e 2013. Os contratos da diretoria que ele ocupava com a subsidiária de equipamentos da Techint somavam R$ 3 bilhões.

Inicialmente, as operações seriam feitas por meio de contas bancárias em nome de offshores na Suíça. A partir de 2009, segundo as investigações, as transações teriam o operador de Duque, João Antonio Bernardi Filho, como intermediário.

Um dos executivos da Techint, Benjamin Sodré Netto, também atuou no esquema, segundo o MPF. Entre as provas apontadas pelas investigações, estão registros de 352 ligações telefônicas entre Sodré e Bernardi, entre 2011 e 2013.

Os investigadores querem esclarecer ainda pagamentos feitos pela Techint ao também ex-diretor da Petrobras Jorge Zelada. Só em 2012, ele teria recebido 539 mil francos suíços (R$ 2,2 milhões) em contas em nomes de offshores.

O ex-gerente-geral da diretoria de abastecimento da Petrobras, Fernando Barros, também é alvo de buscas. De acordo com informações obtidas por meio de cooperação internacional com a Suíça, ele teria US$ 3,25 milhões (R$ 13,3 milhões) em contas no país. O dinheiro foi bloqueado.

Barros também teria sido apontado pela empreiteira Camargo Corrêa como destino final de R$ 2,3 milhões em propinas vinculadas a obras na Refinaria Presidente Getúlio Vargas, em Araucária (PR).

A maior parte dos mandados está sendo cumprida no Rio de Janeiro, com 14 ocorrências na capital, Petrópolis, Niterói e Angra dos Reis. São Paulo, Campinas e Barueri são cidades de outros oito mandados. Matinhos, no litoral do Paraná, também possui uma ocorrência de busca e apreensão. (Folhapress)

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