País tem déficit de US$ 3,487 bi em transações correntes

Brasília e São Paulo – O Brasil registrou um déficit em transações correntes de US$ 3,487 bilhões em setembro, acumulando em 12 meses um saldo negativo equivalente a 2,05% do Produto Interno Bruto (PIB), informou ontem o Banco Central. Transações correntes são compras e vendas de mercadorias e serviços e transferências de renda do Brasil com outros países
O dado veio pouco melhor que a expectativa de déficit de US$ 3,95 bilhões em pesquisa com analistas, mas piorou em relação a setembro de 2018 – quando o saldo foi negativo em US$ 194 milhões, refletindo uma redução do superávit comercial no período.
No mês passado, as exportações caíram 2,1% na comparação com setembro de 2018, enquanto as importações aumentaram 18%. Com isso, o saldo comercial caiu 64% no período, para US$ 1,679 bilhão.
De janeiro a setembro, o déficit atingiu US$ 34,055 bilhões contra US$ 18,566 bilhões em igual período do ano passado.
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Segundo o BC, o maior resultado negativo das contas externas foi influenciado pela redução no superávit da balança comercial. O superávit comercial chegou a US$ 1,679 bilhão em setembro e acumulou US$ 28,558 bilhões nos nove meses do ano, contra US$ 4,697 bilhões e US$ 38,145 bilhões nos mesmos períodos de 2018, respectivamente.
Exportações de bens – “As exportações de bens totalizaram US$18,8 bilhões em setembro de 2019, recuo de 2,1% ante o mês correspondente de 2018. Na mesma base de comparação, as importações de bens aumentaram 18%, alcançando US$ 17,1 bilhões”, diz o BC, em relatório.
A conta de serviços (viagens internacionais, transporte, aluguel de investimentos, entre outros) registrou saldo negativo de US$ 2,725 bilhões em setembro, e de US$ 26,053 bilhões de janeiro até o mês passado.
A conta renda primária (lucros e dividendos, pagamentos de juros e salários), que também faz parte das transações correntes, ficou negativa em US$ 2,650 bilhões em setembro e em US$ 37,760 bilhões em nove meses.
A conta de renda secundária (renda gerada em uma economia e distribuída para outra, como doações e remessas de dólares, sem contrapartida de serviços ou bens) teve resultado positivo de US$ 209 milhões em setembro, e de US$ 1,201 bilhão em nove meses.
Investimentos – Apesar do aumento do déficit em transações correntes, conta que engloba também o comércio de serviços e os fluxos de juros e lucros, os investimentos diretos no País (IDP), de US$ 6,306 bilhões, foram mais do que suficientes para financiar o saldo negativo. O fluxo dos investimentos diretos superou a projeção de analistas, de US$ 4,2 bilhões.
Segundo o chefe do Departamento de Estatísticas do Banco Central, Fernando Rocha, houve uma concentração de entrada de investimentos diretos nos últimos dias do mês. Para outubro, o BC projeta IDP de US$ 7,2 bilhões, também acima da projeção de déficit para as transações correntes, de US$ 5,8 bilhões.
Rocha afirmou que o leilão de cessão onerosa, e também a aprovação da reforma da Previdência, que melhora a perspectiva fiscal do País, vão contribuir para um aumento do fluxo de investimentos estrangeiros. Questionado se isso trará impacto para o câmbio, ele disse que sim, mas ponderou que o movimento da moeda depende também de uma série de outras variáveis. “É muito difícil prever”, afirmou.
Os investimentos em carteira no mercado doméstico registraram saídas de US$ 4,914 bilhões em setembro. A projeção do BC é que outubro marque o terceiro mês consecutivo de saídas de investimentos em ações e títulos. Até o dia 22, o fluxo estava negativo em US$ 4,253 bilhões.
Para Rocha, não é possível ainda falar em uma tendência para esses investimentos, que até então vinham oscilando entre meses de entrada e de saída. (Reuters e ABr)
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