Opinião

EDITORIAL | Lembrando dos marajás

EDITORIAL | Lembrando dos marajás
Crédito: Renan Silva/Flickr

Como já foi dito aqui, a recém-aprovada reforma da Previdência, em cuja conformação final o Legislativo teve papel relevante, sinalizando saudável mudança de postura, representa ao mesmo tempo alívio e avanço, mas está ainda longe de corresponder às soluções necessárias. E por necessário entende-se equilíbrio fiscal, superávits e capacidade de investimento, pontos por enquanto, realisticamente, fora do radar. Felizmente o próprio Ministério da Economia parece ter consciência dessa realidade, ou do muito que falta fazer.

E começando, sugerem cabeças pensantes, por um substancial alívio no peso do Estado, como um paquiderme quase não consegue andar ou, como gostava de dizer o empresário e hoje secretário na pasta da Economia, responsável pelas privatizações, ficou maior que o PIB, sequestrou a renda nacional, num processo de concentração que não é aceitável. Tanto que, apontam recentes estudos do Banco Mundial, na esfera federal ganha-se em média o dobro, para as mesmas funções, qualificação e carga horária, que o pago na iniciativa privada. Algo tanto mais injusto quando se sabe que essas vantagens alcançam apenas o Olimpo, a massa bruta dos pequenos funcionários.

Mudar é imperativo, tanto quanto urgente porque continuar pagando essa conta não é apenas injusto, é também o mesmo que continuar bloqueando as chances do País avançar. Como foi dito mais acima, o Ministério da Economia parece pensar da mesma forma e tem algumas ideias corajosas, disposto a pôr fim nos privilégios atuais e contando para isso, entre outras coisas, com os mais de cem mil funcionários que se aposentarão nos próximos três anos. Quem vier em seu lugar não terá as vantagens e penduricalhos capazes de produzir ganhos que, ao fim e ao cabo, fazem dos ditos “tetos salariais” não mais que um engodo.

Vale lembrar – e denunciar – que tudo isso existe porque nasceu, e faz tempo, de canetas que inventavam benefícios para alcançar os próprios donos das canetas, que também entravam na fila dos tais “direitos adquiridos”, em nada importando que tudo isso à custa da penúria da maioria dos brasileiros, muitos deles funcionários públicos também, dos bolsos dos contribuintes e do virtual abandono de áreas tão críticas quanto saúde, educação e segurança pública. Ninguém se ilude, acabar com essa farra não será nada fácil.

Falarão, como já tem falado, em injustiças, em perseguição aos mais pobres, num processo de vitimização absolutamente interesseiro, politizado. Houvesse integridade e todos concordariam que se trata de corrigir desequilíbrios e eliminar injustiças.

Rádio Itatiaia

Ouça a rádio de Minas