Opinião

EDITORIAL | Bons números na construção

EDITORIAL | Bons números na construção
Crédito: Divulgação

Também da área da construção civil, imobiliária mais especificamente, começam a chegar sinais positivos, indicativos de recuperação, tema de nosso comentário de ontem nesse espaço. E com um detalhe muito importante na nossa perspectiva: os melhores resultados foram coletados, considerados os números dos primeiros nove meses do ano, em São Paulo e Belo Horizonte. De acordo com o Sindicato da Indústria da Construção Civil de São Paulo (Sinduscon-SP), com aval da Fundação Getulio Vargas (FGV), no período de doze meses contados a partir de setembro de 2018 o setor registrou um saldo positivo de 59 mil contratações, contra 13,8 mil postos de trabalho eliminados em igual período do ano anterior. O melhor resultado desde 2013, quando 103 mil vagas foram abertas na indústria da construção.

Refletindo a mudança de cenário, nos doze meses contados até setembro passado os lançamentos de novas moradias na capital de São Paulo registraram incremento de 51,4% enquanto as vendas cresceram 46,6%. Dados nacionais, confirmando a condição de “locomotiva” da economia paulista, são bem mais modestos, ainda que positivos. Houve crescimento médio de 15,4% nos lançamentos na queda de 2% nas vendas, com contratações também em alta. Sobre o boom verificado em São Paulo, um outro dado chama atenção: o Sinduscon local estima que 40% das vendas ficaram por conta de investidores, levando à conclusão de que a queda nas taxas de juros está se revelando estímulo a investimentos em ativos reais, devolvendo aos imóveis sua histórica condição preferencial.

Ao mesmo tempo, observa, o estudo dos dados coletados sugere que sem melhoras nas condições de emprego e renda, a sustentabilidade do processo de expansão verificado pode ser apenas temporária. Nessa hipótese, as melhorias nas condições de financiamento, com redução de custos, poderiam ter um efeito perverso, favorecendo investidores e não aqueles que buscam alcançar a realização do sonho da casa própria. Em síntese, temos elementos para comemorar e, igualmente, elementos para refletir.

A expansão da oferta e da demanda de imóveis residenciais movimenta o mercado de trabalho, a indústria da construção e toda uma cadeia de suprimentos, o que é muito bom. E seria ainda melhor se a oferta igualmente representasse redução do déficit habitacional, questão que continua sendo tormento para milhões de brasileiros.

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