Agronegócio

Valorização do café exige política agressiva no mercado mundial

Valorização do café exige política agressiva no mercado mundial
Os preços baixos do café no mercado internacional neste ano prejudicaram a cadeia produtiva de Minas, maior exportador mundial - Crédito: Divulgação

Criar formas de agregar valor e divulgar com maior eficiência a qualidade do café no mercado internacional são consideradas ações fundamentais para que o grão produzido em Minas Gerais e no Brasil seja reconhecido e valorizado no mundo.

O assunto foi abordado durante a abertura da Semana Internacional do Café (SIC), que começou ontem e vai até 22 de novembro. O evento, que reúne toda a cadeia produtiva do café, é considerado um dos maiores do mundo.

O presidente da Organização das Cooperativas do Estado de Minas Gerais (Ocemg), Ronaldo Scucato, ressaltou que o café brasileiro ainda é pouco divulgado e reconhecido no mercado internacional. Segundo ele, é preciso mudar esse cenário, o que é importante para valorizar o produto, que é de alta qualidade.

“Nós precisamos de uma maior agressividade institucional do País para com o café. Somos os maiores exportadores do mundo e, se Minas Gerais fosse um país, seria o maior exportador mundial do grão. É triste entrar em voos internacionais e vê propagandas de café do Marrocos. Ir em evento no Caribe e ver o presidente de Honduras afirmar que produz o melhor café do mundo. Precisamos de maior agressividade institucional para divulgar esse grande produto do agronegócio. O café é o pilar que sustenta o equilíbrio da balança comercial do País”, destacou.

Ainda segundo Scucato, o Sistema Ocemg vem investindo na capacitação dos dirigentes para aprimorar a gestão das cooperativas de café, o que gera resultados positivos. “Nós investimos nos cafeicultores através das cooperativas, levando-os aos cenários internacionais, às universidades internacionais, para aprenderem novas tecnologias e que avancemos cada vez mais na cafeicultura”.

Políticas de fomento – Durante a abertura do evento, a secretaria de Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Ana Valentini, destacou que 2019 foi um ano marcado pelos preços baixos do café, o que prejudicou os produtores mineiros. Segundo ela, é preciso criar políticas públicas para evitar estes danos, assim como investir na capacitação, marketing e em pesquisas.

“Nós precisamos desenvolver políticas para que anos ruins, como em 2019, não aconteçam para nossos produtores. Estamos buscando recursos para a pesquisa, recursos para assistência técnica e para a certificação. Acredito que precisamos de qualidade sim, mas também precisamos de marketing para contar para o mundo que fazemos os melhores cafés”, disse Ana Valentini.

Para o ministro interino da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Marcos Montes, os produtores precisam se preparar para o País se tornar mais competitivo e também para produzir um café cada vez mais especial. Também é necessário apoio do setor industrial para processar o grão e agregar valor.

“O produtor precisa da indústria e daqueles que fazem do nosso café um produto que podemos comprar e vender. O Brasil já evoluiu muito neste aspecto, cabe a nós aproveitarmos as oportunidades e evoluir. O café, hoje, está vivendo um momento difícil, precisamos nos unir para buscar soluções para o cafeicultor. Mas também é preciso qualificar mais e investir em tecnologias, senão não iremos chegar a lugar nenhum neste mundo globalizado. O marketing tem que ser construído pelas empresas, que precisam vender nossa imagem lá fora, principalmente, nas questões de sustentabilidade da produção”, disse Montes.

A atividade do agronegócio, principalmente do café, segundo o governador de Minas Gerais, Romeu Zema, tem relevância crescente na economia de Minas Gerais. Segundo ele, enquanto o Brasil afundou em recessão, o agronegócio continuou avançando e acabou sendo fator atenuante na crise.

“O café, em 2019, não obteve bons preços no mercado, mas as perspectivas são mais positivas para 2020. Os primeiros sinais já apontam para uma leve recuperação dos preços. Nós estamos trabalhando, em Minas, para contribuir com o setor, principalmente, na melhoria da qualidade do café, que é conquistada através da assistência técnica. Nosso café também precisa ser divulgado no mundo, ele é pouco conhecido lá fora. Não exploramos bem nossa produção e nem o turismo, estamos empenhados em mudar essa situação”, disse Zema.

Evento agrega valor à cadeia

A Semana Internacional do Café (SIC) é um evento consolidado e fundamental para o produtor de café. De acordo com o presidente do Sistema Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais (Sistema Faemg), Roberto Simões, por reunir toda a cadeia, é o momento de atualização, capacitação e geração de negócios e soluções para a produção. Tudo isso é importante para a agregação de valor.

“A SIC tem como princípio abordar toda a cadeia do café: tratamos desde o pé de café até a xícara. Ao todo, são mais de 35 eventos dentro da SIC, seguindo três temas principais, que são: mercados e consumo, negócios e empreendedorismo e conhecimento e inovação”, afirmou.

Ainda conforme Simões, uma das novidades da SIC e que deve trazer bons resultados são os 56 competidores que serão desafiados a solucionar três gargalos da produção em 48 horas, apresentando soluções e até mesmo protótipos. Durante a SIC, também serão premiados os melhores cafés. Ao todo, foram recebidas 617 amostras e as 34 melhores foram selecionadas. Deste total, quatro serão premiadas.

“Nós trabalhamos para agregar valor e inovação. Os cafeicultores que forem premiados poderão negociar com empresas presentes na SIC e que estão dispostas a comprar os lotes vencedores a preços especiais, que podem chegar a R$ 2.500 por saca. É um incentivo para mostrar aos demais cafeicultores que o caminho é a qualidade”, disse Simões.

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