Economia

Juiz de Fora perde aporte de R$ 500 milhões

Juiz de Fora perde aporte de R$ 500 milhões
Crédito: Divulgação

A M. Dias Branco comunicou ao mercado que não dará continuidade ao projeto de instalação de uma unidade fabril em Juiz de Fora, na Zona da Mata de Minas Gerais. O projeto, cujo protocolo de intenções foi assinado em 2014, previa um investimento próximo a R$ 500 milhões e a geração de cerca de mil postos de trabalho.

De acordo com o comunicado da M. Dias Branco, a descontinuidade do projeto ocorreu devido à sua oportunidade de aquisição da Indústria de Produtos Alimentícios Piraquê S.A. (Piraquê). A aquisição foi formalizada por meio de contrato de compra e venda de ações firmado em janeiro de 2018. A operação foi concluída em maio do ano passado, após aprovação do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).

Ainda segundo a empresa, após o investimento na Piraquê e considerando que a indústria possui plantas industriais no Rio de Janeiro, e, portanto, em localidade próxima a Juiz de Fora, a companhia contratou uma consultoria especializada para estudo de otimização de toda a malha logística e industrial em âmbito nacional, incluindo a análise de viabilidade do empreendimento em Minas Gerais.

“Tendo referido estudo concluído pela inviabilidade econômica e de mercado da instalação de uma unidade fabril em Minas Gerais no atual cenário, especialmente em razão da aquisição de plantas industriais no Rio de Janeiro/RJ, fruto do investimento na Piraquê, a companhia não dará continuidade ao projeto. A decisão da companhia foi devidamente comunicada aos representantes do Estado de Minas Gerais e do município de Juiz de Fora”, trouxe em nota.

De acordo com o secretário de Desenvolvimento Econômico, Turismo e Agropecuária de Juiz de Fora, Rômulo Veiga, a suspensão do projeto traz impactos negativos para o município. O protocolo de investimentos, assinado em 2014, junto à prefeitura de Juiz de Fora e ao governo de Minas Gerais, previa o aporte de R$ 500 milhões na construção de uma unidade fabril de massas, biscoitos e moinho de trigo. Ao todo, eram esperados mil novos postos de trabalho.

“Nesse momento, qualquer desinvestimento é ruim e também a não realização de investimentos previstos. Nós mantivemos conversas abertas com a empresa e acompanhamos todo o processo que levou a essa tomada de decisão. A empresa foi transparente. Em 2014, quando se assinou o protocolo, o reflexo da recessão ainda era muito baixo no setor econômico. Tínhamos indicadores macro que já sugestionavam para um cenário ruim, mas ainda não se tinha dimensão da profundidade da crise econômica”, disse.

Ainda segundo Veiga, a recessão econômica foi sentida por outras empresas e gerou oportunidades de aquisição. Com isso, a M. Dias Branco aproveitou para comprar marcas e indústrias, entre elas a Piraquê, que está localizada na região Sudeste, onde a empresa não tem forte atuação. A Piraquê além de ter indústrias prontas e em operação, também já tem marca consolidada no mercado que seria atendido pela unidade fabril a ser instalada em Juiz de Fora, tornando o investimento inviável para os próximos cinco anos.

Outro problema citado por Veiga é que o País ainda não saiu do quadro recessivo e os produtos que a M. Dias Branco vende são marcas que atendem pessoas de menor poder aquisitivo e que foram mais afetadas com a crise. Ele explica que o poder de compras de quem ganha até dois salários mínimos reduziu 27% nos últimos 4 anos. Ainda segundo Veiga, mesmo a empresa sendo muito saudável, os indicadores para expansão das atividades não são os melhores possíveis.

“Devido a estes fatores, contrataram uma empresa que estudou a capacidade após as aquisições e para entender o que seria os próximos cinco anos da empresa. O resultado mais recente – devido à trajetória dos últimos anos, ao cenário ainda muito hostil e a atividade industrial que não vem reagindo como desejado – é de que o investimento seria arriscado. Então não houve um cancelamento da M. Dias Branco na nossa região. Para os próximos cinco anos, não tem perspectiva de investimentos na construção da fábrica”.

Dúvida no ar – Ainda segundo Veiga, a empresa foi questionada sobre o interesse de disponibilizar o terreno que ela possui no Distrito Industrial (DI) de Juiz de Fora para venda. O objetivo da prefeitura era oferecer o espaço para outras empresas. “Ao questionar, a empresa disse que isso não foi avaliado no momento, que foi uma suspensão do projeto pelos próximos cinco anos. Houve um distrato do protocolo de intenções, mas eles ainda possuem patrimônio em Juiz de Fora. É difícil falar se eles vão continuar ou não, o certo é que, para os próximos cinco anos, não é uma realidade”, explicou.

Em nota, a Secretaria de Desenvolvimento Econômico (Sede) informou que a empresa M. Dias Branco comunicou oficialmente, na última sexta-feira (22), o cancelamento do protocolo de intenções para investimento na planta industrial de Juiz de Fora.

“A Sede e a Agência de Promoção de Investimento e Comércio Exterior (Indi) sempre estiveram em contato com a empresa, viabilizando todo o investimento no Estado. Um protocolo de intenções foi assinado em dezembro de 2014, reforçando o comprometimento do governo. A empresa decidiu em não dar continuidade aos investimentos, pois adquiriu a Indústria de Produtos Alimentícios Piraquê, no Rio de Janeiro. A decisão da mudança não teve interferência de pendências com o governo”, diz trecho da nota.

Rômulo Veiga destaca que a prefeitura de Juiz de Fora vem trabalhando para a atração de novas empresas e indústrias para o município, o que é importante para movimentar a economia, gerar arrecadação e empregos.

Rádio Itatiaia

Ouça a rádio de Minas