Desafio do sistema é disseminar os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável

O Seminário de Responsabilidade Social das Cooperativas Mineiras promovido ontem, pelo Sistema Ocemg, foi uma celebração dos resultados do Dia de Cooperar (Dia C) – que aconteceu no dia 6 de julho -, publicados em livro, e oportunidade de discutir e aprender mais sobre como as cooperativas podem atuar para a disseminação e aplicação dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS).
O Sistema Ocemg é formado pelo Sindicato e Organização das Cooperativas do Estado de Minas Gerais (Ocemg) e pelo Serviço Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo de Minas Gerais (Sescoop-MG).
Foram, do Estado, 272 cooperativas participantes do Dia C, com 42,1 mil voluntários, 299 cidades envolvidas, 180 projetos contemplados e 1,5 milhão de pessoas beneficiadas.
Na palestra “Oportunidades para o posicionamento do cooperativismo mineiro como agente de transformação – Pacto Global e os ODS”, o diretor de Sustentabilidade e Projetos Sociais da Fundação Dom Cabral (FDC), Ricardo Siqueira, chamou atenção para o papel das empresas para a construção de uma sociedade mais igualitária e justa, afinal o setor produtivo concentra 84% dos ativos globais.
“Temos um grande desafio de disseminação dos ODS. Na FDC temos um trabalho muito forte de treinar executivos. São quase 30 mil por ano, com os quais falamos sobre esse tema e, mesmo assim, de acordo com pesquisas internas, quase 70% deles desconhecem ou conhecem mas não aplicam os ODS em seus negócios. Isso indica o quanto ainda temos a fazer para que os gestores tenham mais responsabilidade no seu dia a dia”, avalia Siqueira.
A adoção dos Objetivos, segundo projeções da Organização das Nações Unidas (ONU), seria capaz de gerar 380 milhões de novos empregos; 60 novos hotspots no valor de até US$ 12 trilhões por ano na economia dos setores de sistemas de alimentação e agricultura, cidades inteligentes, energia e materiais, além de saúde e bem-estar.
A professora e mestre em Gestão Social, Educação e Desenvolvimento local, Maria Flávia Bastos, na palestra “Empreendedorismo cooperativo – repensar, resgatar, renovar”, trouxe a questão da essência humana solidária versus a solidão que nos leva a um novo tipo de individualismo.
“Vivemos em uma sociedade da desconfiança. Perdemos a condição humana de ser gregária. Não é por acaso que queremos tantos conselhos para viver e existem tantos coaches e tantos influencers. Precisamos praticar a integração, exercitando a tolerância, humildade e autoconhecimento”, pontua Maria Flávia Bastos.
Na apresentação do case “Ações de implantação de um posto de atendimento na periferia de Belo Horizonte – Sicoob Credimonte”, o presidente do Conselho de Administração do Sicoob Credimonte, Antenógenes Júnior, voltou ao início da história do cooperativismo para explicar o sucesso da implantação da agência no bairro Alto Vera Cruz, na região Leste, uma comunidade de 50 mil pessoas com entorno de 100 mil habitantes e sem nenhuma agência bancária. Para chegar à comunidade, foi escolhida como parceira a Central Única das Favelas (Cufa).
“As cooperativas nascem sempre de uma necessidade real. Como uma cooperativa de crédito, não temos motivos para não estar em uma comunidade que tem capacidade econômica, capacidade humana e não é atendida pelo sistema bancário. Estamos fazendo aquilo que devemos fazer”, pontua Antenógenes Júnior.
“A favela não é um espaço de carência, mas, sim, um espaço de potência. A transformação acontece a partir da oportunidade. Quando o Sicoob Credimonte chegou à comunidade nos mostrou que o cooperativismo já existia entre nós há muito tempo, só não sabíamos o nome”, completa a presidente da Cufa em Minas Gerais, Marciele Delduque.
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