Finanças

IPO em NY é opção de 38,5% das empresas

IPO em NY é opção de 38,5% das empresas
Crédito: Lucas Jackson / Reuters

São Paulo – Mais de um terço (38,5%) das empresas brasileiras que realizaram abertura de capital entre 2018 e 2019 optaram pela Bolsa de Valores de Nova York. Segundo especialistas, os maiores volumes de captação em ofertas de ações no exterior e as burocracias excessivas da Bolsa brasileira foram os motivos que mais pesaram (e que continuarão a pesar) na decisão das companhias por abrir capital no exterior.

Entre 2018 e 2019, 13 empresas brasileiras fizeram IPO (da sigla em inglês para oferta pública inicial de ações). Destas, cinco optaram pela Bolsa nova-iorquina: além da XP -que começou a ser negociada ontem  – , Afya Educacional, Stone, PagSeguro e Arco Educação estão na conta de companhias listadas na Nasdaq.

De acordo com o analista da Ativa Investimentos, Ilan Arbetman, o maior apetite a risco dos investidores e os dispositivos mais avançados de governança corporativa da Bolsa americana, por exemplo, acabam compensando o alto custo da abertura de capital no exterior – dado pela rigorosidade dos requisitos exigidos pela SEC (órgão regulador de valores mobiliários dos Estados Unidos, o equivalente à CVM no Brasil).

“O Brasil já avançou bastante em termos de governança corporativa, mas ainda existe muito a ser feito. Além disso, o investidor americano também consegue entender melhor a maturidade das companhias em seus ciclos de negócios, o que dá uma predisposição ao risco mais variada e abre espaço para uma captação mais significativa”, disse.

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Entre os segmentos de listagem na B3, o Novo Mercado é aquele com o padrão mais elevado de governança corporativa, onde as empresas adotam, voluntariamente, práticas adicionais às exigidas pela legislação brasileira. No segmento, só é permitida a emissão de papéis com direito de voto (ações ordinárias).

Segundo Arbetman, diferentemente das regras brasileiras, a listagem na Bolsa americana também permite a emissão de ações preferenciais (sem direito a voto), o que seria outro impulsionador para que empresas como a XP – onde os acionistas vendedores não abrem mão do controle da companhia – escolhessem os Estados Unidos como destino.

A XP Inc, que começou a ser negociada na Nasdaq ontem, precificada em US$ 27, continuará detendo ações classe B (que possuem um poder de voto dez vezes maior) e terá o equivalente a 56,2% do poder de voto.

Para o CEO da Afya Educacional, Virgílio Gibbon, além da melhor avaliação que os investidores internacionais têm sobre a cadeia de valor da companhia, outro fator que motivou a companhia a optar pela Nasdaq foi a interação com outras marcas estrangeiras. “São marcas com as quais podemos interagir e conhecer o que há de mais moderno, combinando educação médica mediada por tecnologia e metodologia ativas”, disse.

Ainda segundo especialistas, ao passo em que o mercado financeiro americano recebe cada vez mais companhias brasileiras interessadas na abertura de capital, a economia do Brasil e a própria B3 começam a se voltar para o incentivo do mercado de capitais nacionais.

Avanços na B3 – De acordo com o economista da Órama Alexandre Espírito Santo, a Bolsa brasileira acaba sendo um “termômetro” sobre o que os agentes econômicos estão esperando para o País no curto prazo. Para ele, levando em consideração o maior volume de operações, as expectativas são positivas para o próximo ano.

Os últimos dados da B3 registram 32 ofertas, entre IPOs e followons (ofertas subsequentes), neste ano: eram apenas cinco em 2018. “A Bolsa passou muito tempo amargando a situação macroeconômica do País e agora começa a recuperar. Existem alguns ajustes que precisam ser feitos, mas a Bolsa brasileira não deixa nada a desejar em relação aos demais (países) emergentes”, diz Espírito Santo.

Em nota, a B3 afirmou que os números observados até novembro, de R$ 80 bilhões captados por meio de ofertas públicas, representam o melhor desempenho da Bolsa brasileira desde 2010.

“Ainda assim, a B3 permanece dedicada a uma agenda de medidas que entende serem necessárias para o desenvolvimento e atratividade do mercado de capitais”, disse por meio de nota. “Também estamos empenhados em auxiliar na discussão de outras mudanças regulatórias que podem ser entrave para algumas empresas e em reduzir o custo de observância (regulatórios) para vir a mercado”, acrescentou. (Folhapress)

B3 alcança 1,6 milhão de investidores

São Paulo – A B3 encerrou novembro com 1,6 milhão de investidores ativos no mercado de ações, contra 811,5 mil um ano antes e 1,5 milhão no final de outubro, de acordo com dados divulgados ontem pela companhia.

O número de empresas listadas caiu para 390, de 400 em novembro de 2018 e 391 em outubro, mas a capitalização de mercado média subiu 23,2% ano a ano, para R$ 4,36 trilhões. Em relação a outubro, houve alta de 3,1%.

O volume médio diário (ADV) de contratos negociados foi de 1,65 milhão, acima do total de 888 mil em novembro de 2018 e quase estável em relação a outubro, quando alcançou 1,59 milhão. Já a receita por contrato (RPC) média ficou em R$ 981, alta anual de 25,9%, mas queda de 10,1% em relação a outubro.

No segmento BM&F, a receita por contrato (RPC) total alcançou R$ 1,368 mil, queda de 27,4% frente a novembro de 2018 e de 7,3% ante outubro. O volume de derivativos, por sua vez, cresceu 97% na comparação ano a ano, para 5 milhões. Em relação a outubro, aumentou 13%. (Reuters)

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