Bolsa de valores encerra o exercício com uma valorização de 31,5%

São Paulo – O Ibovespa recuou na última sessão de 2019, depois de ter iniciado o dia em tendência positiva em meio a otimismo com negociações comerciais entre Estados Unidos e China, mas inverteu o sinal ao longo dia, encerrando dezembro com valorização de cerca de 7% e o ano com alta de 31,5%.
O Ibovespa fechou em queda de 0,76%, a 115.645,34 pontos. O volume financeiro somou R$ 15,34 bilhões, bastante abaixo da média deste mês: de cerca de R$ 23 bilhões.
A alta do Ibovespa em 2019 é a maior desde 2016, quando avançou cerca de 39%, superando 2017 e 2018, que registraram avanços de 26,8% e 15%, respectivamente. Janeiro foi o melhor mês para o índice, com alta de 10,82%, enquanto fevereiro teve a maior queda, de 1,86%.
Em março, o Ibovespa superou o nível de 100 mil pontos pela primeira vez, porém só encerraria uma sessão neste patamar em 19 de junho, a 100.303,41 pontos. A máxima intradia do índice foi alcançada na última sexta-feira (27), a 117.802,86 pontos.
O desempenho da Bolsa neste ano foi guiado por uma recuperação econômica do País, ainda que mais lenta do que o esperado inicialmente, afirmaram analistas da XP em comunicado.
“O fim do ano se mostrou mais encorajador, dando indícios de que 2020 poderá finalmente ser um ano melhor no âmbito econômico”, disseram, acrescentando que esperam que o Ibovespa chegue ao patamar de 140 mil pontos ao final do próximo ano.
Para analistas da Levante Investimentos, o avanço da economia passa pela continuidade da agenda de reformas do governo, que já aprovou a reforma da Previdência neste ano.
“A inclinação do Congresso em promover ajustes fiscais, tributários e regulatórios fortalece a aceleração do crescimento para 2020, o que pode ser recebido com muito bons olhos”, afirmaram em nota.
No ano, os papéis de Qualicorp foram os que mais subiram dentre os que compõem o índice, acumulando mais de 240% de alta. Na sequência vêm BTG Pactual (235%), Via Varejo (154%), Notredame Intermédica (136%) e JBS (123%).
No lado oposto, apenas seis empresas do índice registraram desvalorização. Ações da Braskem tiveram o pior desempenho (-35%), seguidas de CVC Brasil (-28%), Embraer (9%), Smiles (-3,6%) e Ultrapar (-2%).
Destaques – Petrobras ON caiu 0,5%, e Petrobras PN perdeu 1,1%. A petrolífera informou na segunda-feira (30) que assinou acordo de transição no âmbito do contrato de suprimento de gás natural com a Yacimientos Petrolíferos Fiscales Bolivianos (YPFB). Em 2019, as ações ordinárias e preferenciais da empresa acumularam alta de 28% e 37,5%, respectivamente.
Santander BR UNT avançou 2,1%, atuando como contrapeso da queda do índice. O banco encerrou o ano com alta de 21,3%, desempenho pior que o Ibovespa, assim como Bradesco PN e Itaú Unibanco, que acumularam valorização de 18,9% e 12,9% em 2019.
MRV ON perdeu 1,8% na sessão, mas somou 85,7% de alta no ano. Os papéis da empresa haviam registrado alta de mais de 2% no pregão da última sexta-feira, após o conselho de administração alterar termos da proposta de incorporação da AHS Residential.
B3 ON cedeu 2,8% na última sessão, corroborando com a queda do índice, ainda na esteira da abertura de consulta pública pela CVM para incentivar a concorrência no mercado de bolsa de valores. Em 2019, a B3 avançou 63,6%. (Reuters)
Dólar acumula alta de 3,54% frente ao real
São Paulo – O dólar fechou em firme queda ante o real na segunda-feira (30), última sessão de 2019, no menor patamar desde o começo de novembro, com investidores se desfazendo da moeda norte-americana em sintonia com a fraqueza da divisa no exterior.
O dólar interbancário terminou a segunda-feira em queda de 0,91%, a R$ 4,0129 na venda. É o menor patamar desde 5 de novembro.
A taxa de câmbio mais perto de R$ 4 marca o fim de um ano de diversos choques para o real. Depois de se depreciar cerca de 14% em 2018, a moeda brasileira precisou lidar ao longo de 2019 com incertezas sobre a reforma da Previdência, a guerra tarifária entre EUA e China e a crise argentina – esta com parte importante na expressiva diminuição do saldo comercial brasileiro em 2019.
Mas em dezembro os sinais voltaram a ficar mais positivos. A moeda dos Estados Unidos já vinha perdendo força desde o começo do mês, conforme se reduziu a demanda por segurança depois de EUA e China terem chegado à fase 1 de um acordo comercial.
Nas últimas sessões, contudo, as vendas da divisa em todo o mundo se acentuaram, à medida que investidores buscaram mais ativos de risco confiantes num cenário positivo para a economia mundial em 2020.
Em dezembro, o dólar acumulou queda de 5,37% – maior baixa para qualquer mês desde janeiro deste ano. Pela taxa Ptax de venda, o dólar caiu 4,58% em dezembro, maior queda para o mês desde 2001.
No Brasil, o movimento de queda foi endossado por sinais mais claros de ganho de fôlego da atividade doméstica, o que pode atrair mais investimentos estrangeiros e aumentar a oferta de liquidez, reduzindo eventual pressão de alta sobre o dólar.
Além disso, a aceleração da economia local tem fortalecido expectativas de que o Banco Central evite novos cortes de juros, o que por sua vez mitigaria mais redução nos diferenciais de taxa entre Brasil e o mundo. Esse spread de juros é visto como um dos fatores de atratividade de uma moeda e, quanto maior, mais favorável à divisa de juro mais alto.
Em 2019, a moeda subiu 3,54%, depois de saltar 16,94% em 2018 e subir 1,79% em 2017.
Analistas do BB Investimentos preveem dólar a R$ 4 ao fim de 2020, virtualmente estável frente ao patamar atual. Segundo eles, apesar de o risco país (medido pelo CDS) se encontrar nas mínimas em vários anos, o diferencial de juros ainda vai pesar contra o real.
Na Focus, sondagem realizada pelo BC, a mediana das estimativas aponta dólar de R$ 4,08 ao fim de 2020.
Profissionais da CrossBorder Capital chamaram atenção para o elevado apetite por risco no Brasil, fator que pode beneficiar o real. A instituição coloca o País junto com Coreia e Índia entre os mais atrativos no universo emergente.
Na B3, o dólar futuro recuava 0,75% na segunda-feira, a R$ 4,0180. (Reuters)
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