Economia

DAVOS | Fórum Econômico Mundial discute o capitalismo consciente

DAVOS | Fórum Econômico Mundial discute o capitalismo consciente
Manifesto de Schwab chama a atenção para a necessidade de mudanças no atual modelo de capitalismo | Crédito: Mattias Nutt/Divulgação

No ano em que se realiza a 50ª reunião do Fórum Econômico Mundial, evento que reúne 3 mil líderes globais em Davos, na Suíça, o tema central da discussão, o capitalismo consciente, é avaliado como uma evolução importante para que os empresários adotem práticas não somente focadas nos  resultados para os acionistas das empresas, mas para a sociedade, fornecedores, funcionários, meio ambiente, entre outros.

O novo manifesto é assinado por Klaus Schwab, fundador do Fórum Econômico Mundial, evento que reúne organizações não governamentais, empresas, acadêmicos e autoridades das principais economias do mundo para discutir temas relevantes para a sociedade.

O manifesto de Davos 2020 estabelece ideias a serem adotadas pelas empresas como a intolerância à corrupção, maior proteção do meio ambiente, estímulo à capacitação dos colaboradores, respeito aos diretos humanos, entre outros.

Para o presidente do Instituto Capitalismo Consciente Brasil, Hugo Bethlem, a discussão é um grande avanço e mostra que é importante progredir para assuntos que vão além do retorno financeiro. A mudança de visão e a maior preocupação com fatos sociais e ambientais vão fazer com que a preocupação somente com resultados financeiros se torne um agente ofensivo, que passará a ser um destruidor de resultados.

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“A discussão é muito importante. Não só Klaus Schwab, como outros grandes empresários e executivos, estão discutindo a importância do propósito, importância da realização, do equilíbrio das relações. O retorno é importante, é fundamental, mas não é suficiente. É preciso cuidar das pessoas para que elas também possam cuidar do planeta”, explicou.

Ainda conforme Bethlem, a sustentabilidade depende da inclusão social, por isso, é importante que o setor produtivo se preocupe também com as necessidades do mundo, aliando a visão estratégica ao propósito das empresas.

“O grande desafio é conseguir resolver as necessidades básicas da população, que passará a ter condições de se preocupar com questões que vão além da sobrevivência. O objetivo, sem dúvida, seria poder mostrar para o mundo as empresas que fazem o bem e que entendem que alinhar o propósito à visão estratégica gera um tremendo impacto social, que é qual a diferença que ela faz para o mundo. Isso, para perpetuar, precisa ser feito de forma consciente. O mundo está entendendo isso, os retornos financeiros para os acionistas que fazem isso, está mostrando resultados”.

O manifesto, que aborda a necessidade de se criar um novo modelo de capitalismo, que seja mais consciente pensando além do retorno financeiro e também no meio ambiente e na evolução sustentável da sociedade, é visto como importante para despertar a consciência dos empresários.

O vice-presidente da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), Teodomiro Diniz Camargos, explica que do ponto de vista empresarial e industrial, as empresas cumprem determinações e legislações que são elaboradas pelo governo, mas é preciso educar para que sejam mais proativas e evoluam para outras questões, como as abordadas pelo manifesto.

“As indústrias estão prontas a aprender a caminhar neste sentido. Historicamente, há uma amarra muito forte de indução. Evidentemente, por outro lado, a educação do segmento é fundamental, uma transformação na visão das pessoas, em não só cumprir legislações e determinações, mas ser proativo nos processos. Porque cada indústria tem sua capacidade de enxergar o próprio processo e melhorá-lo dentro de vários aspectos”.

População – A população também tem uma grande parcela de responsabilidade para a construção de um capitalismo mais consciente, o que vem através da educação e conscientização. Diniz explica que todas as transformações do passado vieram das exigências feitas pela população.

“São exigências que acabam excluindo aqueles que não estão correspondendo às demandas, exemplo disso é o código do consumidor, que através do esclarecimento da população dos direitos teve papel fundamental na mudança do modus operandis do mercado e da própria indústria”.

Ainda segundo o representante da Fiemg, a educação é fundamental para informar a população e fazer com que a indústria responda. “É mais uma forma para que as indústrias sigam um caminho mais sustentável, mais adequado à nossa época. Acho que é um jogo social completo. Ele precisa vir das lideranças, que tem o poder de induzir e propor as transformações. É preciso evoluir para que setores inteiros não sejam só de responder às demandas, mas se tornem proativos e criem propostas mais produtivas”.

Meio ambiente – Outro ponto que precisa de avanço é na maior conscientização em relação ao meio ambiente. “Há de se fazer um convencimento cada vez maior das questões ambientais para que os segmentos produtivos compreendam, de fato, o que está por vir, o que está indo e o que já veio, em relação às mudanças climáticas”.

Para Diniz, existe um amadurecimento das lideranças mundiais em relação às necessidades de mudanças do atual sistema, o que é comprovado pelo tema abordado pelo Fórum Econômico Mundial.

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