Preço de hortaliças sobe até 90% com estrago das chuvas

As chuvas intensas registradas em Minas Gerais, entre janeiro e fevereiro, impactaram de forma negativa a produção de hortaliças e frutas.
De acordo com o levantamento feito pela Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais (Faemg), na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), foram perdidos cerca de 700 hectares ocupados com plantações de folhosas, frutas e legumes.
Além das perdas para os produtores, a oferta dos alimentos foi reduzida e os preços aumentaram, em alguns casos, em cerca de 90%.
De acordo com o analista de agronegócio da Faemg, Caio Coimbra, o excesso de chuvas prejudica muito a produção de hortifrútis por serem produtos mais sensíveis.
“As hortaliças, em geral, foram muito prejudicadas. A época chuvosa, por incrível que pareça, não é propícia para a produção desses itens, porque eles são extremamente sensíveis em relação ao excesso de água. Além disso, o maior volume de água prejudica os tratos culturais. No caso da adubação, por exemplo – que deve ser aplicada em quantidade adequada -, com muita chuva, o produto acaba sendo levado para as camadas mais profundas do solo, prejudicando o desenvolvimento e a produtividade da cultura”, explica.
Conforme Coimbra, a regularização da oferta de produtos, como as hortaliças, deve demorar em torno de 50 dias, que é o ciclo produtivo. “Se as condições climáticas se tornarem mais favoráveis, a regularização da oferta deve ocorrer a partir de abril”, destaca.
Ainda não foi possível calcular o valor e o volume das perdas, mas a Faemg está fazendo um levantamento para identificar os produtores atingidos e a área.
“O levantamento será muito importante para que possamos negociar junto às entidades bancárias uma possível prorrogação ou renegociação das dívidas. Outro fator que será estudado é a necessidade de levar a assistência técnica e extensão rural aos produtores atingidos. Grande parte não tem acesso e vão precisar de técnicas mais precisas para recuperar e reduzir os impactos dos prejuízos causados pelas chuvas. Também vamos negociar a criação de uma linha de crédito exclusiva para o pessoal que teve perdas na produção”, diz.
Com o comprometimento da produção de folhosas, frutas e legumes, houve grande aumento de preços de importantes itens. De acordo com o chefe da Seção de Informação de Mercado da Ceasa Minas, Ricardo Martins, normalmente, o primeiro trimestre do ano é complicado para a produção de hortaliças e, este ano, a situação foi mais grave.
“As chuvas foram muito mais fortes e afetaram a RMBH, que é o cinturão verde que abastece mercados importantes, como o de Belo Horizonte, por exemplo. Isso trouxe um impacto maior para folhas”, afirma Martins.
Ceasa Minas – No levantamento da Ceasa Minas feito de 1º a 17 de fevereiro, frente a igual período do ano passado, quando as chuvas foram menos intensas, as verduras de folhas foram as que apresentaram maior variação nos preços em função da menor oferta e da qualidade inferior. Foi o caso da cebolinha, cujo quilo está custando R$ 21,32, aumento de 90,9% frente aos R$ 11,17 praticados anteriormente.
Outra alta considerável aconteceu no preço da couve, que teve a qualidade bem afetada. O quilo é comercializado a R$ 10,01, ante os R$ 5,41 praticados em igual período de 2018, alta de 85%. O espinafre é negociado, em média, a R$ 5,97, antes era R$ 4,01, aumento de 48,9%.
Os demais itens tiveram variações de preços mais baixas, porém, ainda elevadas para o período. A média tem ficado em torno de 20% a 25% de alta nos valores da alface, da acelga, da salsa e da hortelã.
Dentre os legumes, os preços do pimentão subiram para R$ 4,12 o quilo, o que representa um aumento de 53,2% ante os R$ 2,69 praticados anteriormente. Altas significativas também ocorreram nos valores do pepino, cujo quilo é comercializado a R$ 1,62, valorização de 50,9%, e da abobrinha italiana, R$ 1,83 o quilo, que teve avanço de 43%.
Nas frutas, os maiores aumentos foram na banana prata, 25,4%, com o quilo comercializado a R$ 2,86 ante R$ 2,28. O quilo da laranja passou de R$ 1,46 para R$ 1,57, alta de 7,5%. O quilo da manga era negociado a R$ 1,64 e passou a ser vendido a R$ 1,90, incremento de 15,9%.
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