Itaú reduz previsão do crescimento da economia nacional para 1,8% em 2020

São Paulo – O Itaú Unibanco reduziu suas projeções para o crescimento da economia brasileira e para a taxa de juros em 2020, citando sinais de arrefecimento da atividade econômica em meio à desaceleração global.
O Itaú agora prevê que o PIB aumentará 1,8% em 2020, ante estimativa anterior de 2,2%.
“Há sinais de desaceleração maior que o esperado” no primeiro trimestre de 2020, disse o banco em relatório de sexta-feira (6). “Além disso, o arrefecimento da economia global deve ter efeitos negativos sobre o crescimento do Brasil”, acrescentou.
O IBGE divulgou nesta semana que o PIB brasileiro cresceu 1,1% em 2019, pior resultado em três anos.
Mas o banco manteve a expectativa de expansão do PIB em 3% em 2021. “O estímulo monetário adicional deve levar a taxa de juros real para próximo de 0%, o que deve ter impacto positivo sobre o crédito privado e manter o cenário de aceleração da atividade no ano que vem”, disse o Itaú.
O menor crescimento econômico em 2019, porém, influenciará o rumo do juro. O banco privado cortou as projeções para a Selic ao fim de 2020 (de 4,25% para 3,75%) e 2021 (de 4,50% para 4%). A Selic está atualmente em 4,25% ao ano, mínima recorde.
Para a reunião do Copom neste mês, o Itaú espera redução de 0,25 ponto percentual, enquanto alguns no mercado veem diminuição de 0,50 ponto.
“No contexto atual, acreditamos que cortes de magnitude maior (do que 0,25 ponto) poderiam elevar o risco de aperto das condições financeiras e, assim, atuar de forma contraproducente. Esse risco, no entanto, dependerá de forma importante do ritmo de afrouxamento monetário em economias centrais”, afirmou o Itaú.
Mesmo vendo Selic mais baixa, o banco manteve o prognóstico para o IPCA em 3,5%, abaixo do centro da meta perseguida para o Banco Central neste ano (+3,75%), “sem risco significativo de inflação de demanda no horizonte relevante para a política monetária”.
O principal risco ao cenário inflacionário é a taxa de câmbio, na visão do Itaú, embora, por enquanto, a queda dos preços das commodities mitigue “parte relevante” do efeito da depreciação cambial. “Mesmo assim, não é prudente considerar que o repasse cambial seguirá limitado independentemente da magnitude da depreciação cambial”, disse o banco no relatório.
O dólar sobe 15,6% em 2020 ante o real, batendo sucessivos recordes históricos nominais, o mais recente acima de R$ 4,67. O Itaú, porém, manteve expectativa de que a moeda fechará 2020 e 2021 em R$ 4,15.
Para o banco, o “elevado nível de incerteza” na economia global e o menor apetite por risco devem conter o fluxo de capitais a economias emergentes, deixando a moeda brasileira pressionada.
“No entanto, à medida que o choque resultante da epidemia do coronavírus for se dissipando, a aversão ao risco global deve reduzir e a economia doméstica deve acelerar, abrindo espaço para apreciação do real”, disse o Itaú, que calcula que o dólar deveria estar “mais perto de R$ 4” considerando o preço de outros ativos brasileiros e moedas emergentes. (Reuters)
Coronavírus terá efeito passageiro, diz Novaes
Rio – O presidente do Banco do Brasil (BB), Rubem Novaes, disse na sexta-feira (6) que a epidemia do Covid-19, o novo coronavírus, terá reflexos na economia brasileira, mas que o efeito será passageiro. Ele destacou que economistas do Banco Central e da equipe econômica do governo têm avaliado que o surto pode ter um impacto no crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) da ordem de 0,5%.
Segundo o presidente do BB, a epidemia, que afeta diversos países, entre os quais China, Coreia do Sul, Itália, Estados Unidos e Brasil, é séria e vai paralisar algumas atividades, o que vai gerar problemas para determinados setores. “Mas isso é um fenômeno temporário, vai demorar três meses, quatro meses. Depois, a vida continua normalmente”, disse Novaes, em palestra na Associação Comercial do Rio de Janeiro. Para ele, está havendo “um certo excesso de pânico” em relação ao coronavírus.
Rubem Novaes comentou o resultado do PIB, que fechou o ano passado com crescimento de 1,1% frente a 2018. O resultado foi alcançado após a variação do quarto trimestre de 2019, que teve alta de 0,5% na comparação com o período anterior. Na comparação com o mesmo trimestre de 2018 houve elevação de 1,7%.Os números foram divulgados pelo IBGE na quarta-feira (4).
“As estatísticas mostram que o que puxou o PIB para baixo foi o setor de governo. As despesas de governo é que, caindo, puxam o PIB para baixo. Isso mostra que o governo está se ajustando. Uma contração das despesas públicas é algo necessário. O setor privado, a parte mais saudável da economia, mais eficiente, está crescendo acima de 2%”, afirmou o presidente do BB.
Renegociação – O Banco do Brasil e a Associação Comercial do Rio de Janeiro assinaram acordo de cooperação técnica para o lançamento da campanha Vem que Dá, voltada para a negociação de dívidas das micro, pequenas e médias empresas sediadas no estado do Rio.
A ação conta com o apoio do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae Rio) e da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Rio de Janeiro (Fecomércio RJ).
Ao todo, 21 mil clientes pessoa jurídica do Banco do Brasil no estado fluminense que têm dívida com a instituição financeira estão aptos a participar das renegociações.
O Banco do Brasil também anunciou a negociação de débitos existentes na linha de crédito BNDES PER, programa emergencial de reconstrução de municípios afetados por desastres naturais. Os empresários com débitos existentes nessa linha de crédito também poderão repactuar suas operações por até 120 meses. (ABr)
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