“Vaivém” explora metáforas e possibilidades das redes

Símbolo repleto de metáforas da luta permanente de resistência das comunidades indígenas no Brasil, a rede de dormir é o tema central da exposição “Vaivém”, que será aberta ao público hoje no Centro Cultural Banco do Brasil Belo Horizonte (CCBB BH).
Com 300 obras de 141 artistas, (entre eles, 32 indígenas, a mostra faz da rede um fio condutor da História do Brasil, desde o início da colonização portuguesa, quando a “cama” criada pelos índios virou parte do mobiliário das primeiras casas erguidas nas terras de Vera Cruz.
A versatilidade da rede foi depois usada para meio de transporte dos colonizadores, com uso de dois escravos negros, e para substituir o caixão no sepultamento dos afrodescendentes mortos. “Vaivém” revela que, além da utilização tradicional para repouso, a rede pode ser transformada em matéria-prima de arte, com suas amplas possibilidades de leitura, e de instalações sugestivas como a rede social (foto).
A exposição não se limita à rede em si e inclui pinturas de autores indígenas, ilustrações de europeus que estiveram no Brasil na época da colonização, como o lendário alemão Hans Standen, vídeos e até mesmo “Macunaíma” (1969), clássico do Cinema Novo dirigido por Joaquim Pedro de Andrade e adaptado do livro lançado por Mário de Andrade em 1938.
Na mostra, a rede está fortemente presente nas instalações de Tunga, Hélio Oiticica e Ernesto Neto, nas obras de Arissana Pataxó, nos quadros de Tarsila do Amaral e desenhos de Cândido Portinari.
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Ocupando o terceiro andar e o pátio do CCBB, a mostra reúne pinturas, esculturas, instalações, performances, fotografias, vídeos, revistas em quadrinhos e documentos sob curadoria do historiador e crítico da arte Raphael Fonseca, que também é curador do Museu de Arte Contemporânea de Niterói (MAC – Niterói). Com obras clássicas do século 16 aos dias de hoje, ele ressalta que “Vaivém” transita entre tempos, linguagens e artistas.
Para ampliar o debate, o curador profere palestra gratuita hoje, às 20 horas, no Teatro II, do CCBB. No bate-papo o curador vai apresentar um panorama sobre as obras expostas e abordará a iconografia das redes de dormir e sua associação às ideias de Brasil, brasileiro e brasilidade, discutindo como diferentes artistas se utilizaram do objeto e suas representações para celebrar ou questionar noções diversas de identidade nacional. A palestra contará com tradução em libras.
Em São Paulo, Brasília e Rio de Janeiro, “Vaivém” foi vista por mais de meio milhão de pessoas. A exposição será exibida até 18 de maio no CCBB BH, diariamente (exceto às terças-feiras), de 10 às 22 horas. A entrada é franca e os ingressos podem ser retirados pelo site eventim.com.br ou na bilheteria do centro cultural.
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