Cotação tem a pior semana desde a crise de 2008

Nova York – Os preços do petróleo encerraram na sexta-feira (13) a pior semana desde a crise financeira de 2008, abalados pela pandemia de coronavírus e por esforços da Arábia Saudita e aliados para inundar o mercado com níveis recordes de oferta.
A rara combinação de choques severos tanto de oferta quanto de demanda levou o mercado de petróleo ao colapso, à medida que produtores de todo o mundo se preparam para um inesperado excesso do combustível fóssil a partir das próximas semanas.
“O problema é uma guerra de preços em meio a um mercado que já se contraía, com as paredes se fechando”, disse Daniel Yergin, historiador norte-americano especializado em energia.
Na sexta-feira, as cotações registraram alta, recuperando-se depois de os Estados Unidos e outros países assinarem planos de suporte a economias em enfraquecimento.
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No acumulado da semana, porém, o Brent cedeu 25%, maior queda semanal desde a crise financeira global de 2008. O valor de referência internacional fechou a sexta-feira em alta de US$ 0,63, a US$ 33,85 por barril.
Os contratos futuros do petróleo dos EUA despencaram cerca de 23% na semana, também maior recuo percentual desde 2008. Na sexta-feira, o WTI avançou US$ 0,23, a US$ 31,73 o barril, depois de ter atingido máxima de US$ 33,87 na sessão.
“Há expectativas de que todos os estímulos estabilizem a economia e compensem parte das preocupações relacionadas ao enfraquecimento da demanda, mantendo partes da economia fortes o suficiente para sustentar os preços do petróleo”, disse Phil Flynn, analista do Price Futures Group em Chicago.
Impactos – As fortes quedas verificadas nos preços globais do petróleo nos últimos dias vão afetar negativamente as margens e fluxos de caixa dos produtores de açúcar e etanol do Brasil, afirmou na sexta-feira a agência de classificação de riscos Fitch.
Com o valor mais baixo do petróleo, a competitividade do concorrente etanol deve diminuir, fazendo com que a tendência seja de que o setor sucroalcooleiro altere o mix de produção em favor do adoçante.
“Isso pode criar um excesso de oferta, reduzindo os preços internacionais do açúcar. Como maior exportador de açúcar do mundo, o Brasil tem a capacidade de elevar a oferta global de açúcar muito rapidamente, o que pode deprimir os preços internacionais”, disse a Fitch em relatório.
A agência mencionou a correlação dos reajustes realizados pela Petrobras no valor dos combustíveis nas refinarias com o etanol. Na quinta-feira (12), a petroleira cortou em 9,5% o preço da gasolina e em 6,5% o do diesel.
“Uma retroalimentação para a queda dos preços do etanol é inevitável, com o impacto final dependendo de quão rápido e em qual magnitude a Petrobras ajuste os preços domésticos (de combustíveis)”, disse a agência.
As cotações do petróleo vêm em queda livre neste ano, com a commodity recuando praticamente pela metade diante dos impactos de demanda causados pela pandemia de coronavírus e de uma guerra de preços entre Arábia Saudita e Rússia.
O valor do açúcar nos mercados internacionais tende a acompanhar os preços da energia.
O contrato maio do açúcar bruto atingiu uma mínima de cinco meses na quinta-feira, a US$ 0,1153 por libra-peso.
Hedge – Para a agência, empresas com “alta flexibilidade produtiva e estratégicas eficientes de hedge (fixação de preços)”, como Raízen, Biosev e Jalles Machado, estão mais bem posicionadas para enfrentar o cenário.
A Fitch estima que 70% das exportações projetadas para a safra 2020/21 já estejam com preços fixados, elevação de 12 pontos percentuais em relação a igual período da safra anterior. (Reuters)
Petrobras inicia fase vinculante de venda da TAG
Rio – A Petrobras iniciou a fase vinculante para a venda de sua participação remanescente de 10% na Transportadora Associada de Gás (TAG), informou a companhia em comunicado na sexta-feira (13).
Os potenciais compradores classificados para essa fase receberão carta-convite com instruções sobre o processo de desinvestimento, incluindo orientações para a realização de due diligence e para o envio das propostas vinculantes.
A TAG detém atualmente autorizações de longo prazo para operar e administrar um sistema de gasodutos de cerca de 4,5 mil km de extensão, localizados principalmente nas regiões Norte e Nordeste do Brasil, com capacidade instalada de 75 milhões de metros cúbicos por dia.
Os demais 90% da TAG foram vendidos pela Petrobras no ano passado para grupo formado pela elétrica francesa Engie e pelo fundo canadense Caisse de Dépôt et Placement du Québec (CDPQ). Operação movimentou R$ 33,5 bilhões. (Reuters)
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