EDITORIAL | Economia sob riscos da gripe

A pandemia desencadeada pelo coronavírus requer cautela e ações preventivas, mas não sustenta uma situação de pânico. Assim entendem, em todo o mundo, as autoridades sanitárias.
Desse grupo fazem parte os brasileiros que, sob liderança do Ministério da Saúde, até aqui tem realizado um trabalho considerado exemplar, com avanços expressivos e de repercussão mundial inclusive no campo da pesquisa.
No País, apontam as avaliações divulgadas, o ritmo de contaminação ganhou velocidade nos últimos dias, o que era esperado, ditando mudanças comportamentais que vão além dos cuidados com a higiene, sendo prudente também evitar aglomerações e até contatos mais próximos entre indivíduos. Uma situação que pode persistir pelos próximos três meses, estima-se, com riscos potenciais mais elevados com a chegada do inverno.
Se, individualmente, estamos diante de um quadro muito próximo da gripe comum, aquela já absolutamente inserida no contexto da rotina médica, o risco maior fica por conta da possibilidade de que a contaminação alcance proporções fora de controle e além da capacidade de resposta médica eficaz.
Esta possibilidade, real, é que explica medidas tão drásticas quanto aquelas adotadas – e avaliadas até como tardias – pela Itália ou a decisão do presidente Trump de ordenar a suspensão de voos da Europa para os Estados Unidos por um período de 30 dias, deixando como “janela” apenas a Grã-Bretanha.
Nesse ponto a questão passa a ser olhada sobre outra perspectiva, a das perdas econômicas que já são estimadas como muito elevadas, mais graves até que a crise financeira dos anos 2008/09.
São fábricas paralisadas, aviões voando sem passageiros ou estacionados em aeroportos, hotéis vazios, cadeias de suprimento comprometidas, trabalhadores, aos milhões, confinados em suas casas, o mesmo acontecendo em larga escala nas escolas.
Aconteceu na China, que felizmente já anuncia que a gripe está contida e a situação começa a se normalizar, está acontecendo na Europa ainda numa escala que aparenta ser ascendente. Pode chegar ao Brasil e países vizinhos, impondo as mesmas restrições.
Temos que estar preparados e certamente não se trata de um salve-se quem puder. Tal como se organizou rapidamente para enfrentar a doença, o mundo tem que se preparar para enfrentar suas consequências no campo social e econômico.
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