IBRAM vai organizar o censo da diversidade do setor mineral
A direção do Instituto Brasileiro de Mineração (IBRAM) estuda criar o censo da diversidade do setor mineral, entre outras ações relacionadas ao tema diversidade e inclusão (DI) nessa indústria.
O anúncio foi feito pelo diretor-presidente do IBRAM, Raul Jungmann, que ressaltou que a iniciativa tem a pretensão de “acompanhar os avanços e ter conhecimento de tudo o que representa a atenção, o envolvimento, desde a alta administração das empresas até os empregados, com esse tema essencial para a democracia, para cada um e para todos, que é a diversidade”.
Jungmann disse que também está em discussão interna a criação de um prêmio e de um concurso, ambos nacionais, para evidenciar as boas práticas de DI e estimular ainda mais sua adoção pela mineração do Brasil. Ele participou da abertura do evento online Diversibram – Semana de Diversidade e Inclusão da Mineração do Brasil, que aconteceu nesta segunda-feira (14).
Criada para debater ações desenvolvidas pelo setor mineral em prol da inclusão e a diversidade, a Diversibram é um evento gratuito e online que terá programação até o dia 18 de março e abordará temas variados, como inovação, mudança de mindset para o ambiente de trabalho, vieses inconscientes, segurança psicológica, tendências de DI para 2022 e os próximos anos.
A presidente da Mosaic, Corrine Ricard, elogiou a iniciativa do IBRAM em organizar a Diversibram e disse que sua companhia adota políticas e práticas corporativas para elevar o patamar de DI e equidade, com igualdade de oportunidades.
“Queremos consolidar a cultura de diversidade e inclusão de forma abrangente, para criar um ambiente inclusivo, valorizar a diversidade de pessoas e ideias e oferecer oportunidades iguais de crescimento profissional”, disse.
Ela também parabenizou as mineradoras atuantes no Brasil que aderiram à Carta Compromisso, documento que deu origem à Agenda ESG da Mineração do Brasil, e que prevê ações concretas do setor mineral para criar e manter ambiente seguro e acolhedor para favorecer a evolução da DI.
Corrine disse que a Mosaic trabalha para que até 2025 tenha 30% de posições de liderança preenchidas por mulheres. “Equidade de gênero é um desafio global e também uma oportunidade global. E no agribusiness e na mineração há muito a se fazer para evoluir ainda mais para transformar a realidade em que vivemos”, afirmou.
Raul Jungmann disse que diversidade se destaca em vários aspectos, em especial, por “uma questão de valores, de acompanhar a sociedade, de acompanhar os valores que se tornam crescentemente universais e reconhecidos. A existência do outro, do diferente. E o direito do outro e do diferente de exercer a sua integralidade humana, como nós exercemos a nossa”.
Disse ainda que o comportamento corporativo em prol da DI “vai proporcionar ganhos às organizações. Entre outros, a questão da criatividade. Ter várias vozes, várias visões de mundo ajuda o enfrentamento e o desenvolvimento de soluções aos problemas”, afirmou.
Deputado defende maior participação feminina na política
O deputado Paulo Ganime fez um paralelo entre a DI na mineração e na política e lembrou que a Diversibram acontece no mês em que é comemorado o Dia Internacional da Mulher.
“Precisamos ter mais representatividade das mulheres também na política. Fazer com que mais mulheres participem da política de base e caminhem para uma construção política que possa resultar em mais mulheres representando todos os brasileiros à frente de seus mandatos públicos”, afirmou.
Mariana Neris, do Ministério da Mulher, elogiou iniciativas do setor mineral em prol da DI, como Carta Compromisso e o plano de ação do movimento Women in Mining Brasil, que objetiva qualificar e aumentar a participação das mulheres no setor.
“É o percurso de um amplo diálogo com a sociedade e, a partir desse diálogo, haverá a construção de indicadores, de elementos para o plano de ação da diversidade e inclusão das mineradoras, companhias com grande alcance na sociedade”.
A diretora de Recursos Humanos da Anglo American, Sara Murssa, disse que a companhia ampliou os grupos específicos que estão à frente das ações de DI. Além de comitês de mulheres; raças e etnias; pessoas com deficiência; LGBTQIA+; a Anglo criou o comitê de gerações.
“Temos na Anglo American pessoas mais maduras e muitos jovens e esse olhar para a diversidade é fundamental para a companhia”, disse.
Ela informou que além do foco em diversidade e inclusão “temos também um programa muito sólido de saúde emocional, que dá suporte aos empregados. É onde essa DI tem um suporte psicológico muito forte para que realmente tenhamos esse ambiente plural para que as pessoas possam dar o seu melhor”.
Ana Cunha, da Kinross, disse que a Diversibram é um marco da diversidade no setor mineral brasileiro. Ela citou o filósofo Vladimir Safatle ao dizer que a importância das discussões de alto nível da Diversibram não será medida no momento em que o evento acontece, mas pelas aberturas para mudanças que ele proporcionará posteriormente.
O gerente sênior de RH para Atração, Desenvolvimento e Cultura da Nexa Resources, Gustavo Cicilini, ressaltou que “as empresas que possuem times mais plurais têm mais habilidade e mais competitividade para sair de crises como que a gente está vivendo nessa pandemia. Isso porque temos no nosso quadro a representatividade capaz de impulsionar soluções mais disruptivas, inovadoras”.
Disse ainda que a companhia concluiu na última semana um censo interno de diversidade, com a participação mais de 4.500 empregados ou 72% da força de trabalho, e que a proposta do IBRAM de criar um censo em âmbito nacional da mineração é uma ideia positiva para o setor.
Para a diretora Jurídica, Sustentabilidade e Compliance Officer da Arcelor Mittal Brasil, Marina Soares, o programa de diversidade transformou e vem transformando os empregados, humanizou todas as relações e está na pauta da empresa durante o dia a dia.
A companhia adota políticas de DI desde 2013 e conta que “em 2019 vimos a necessidade de ir muito mais além. Foi quando trouxemos o programa de DI de construção de baixo para cima (bottom up). No Brasil temos 16 mil empregados e 1,3 mil empregados atuam como voluntários neste programa”, afirmou. No Brasil, a companhia tem a meta de atingir 30% de mulheres em cargo de liderança até 2030.
No encerramento, uma das organizadoras da Diversibram, Marina Antwarg, gerente de Gestão de Talentos da Mosaic Feritlizantes, frisou que o IBRAM mantém um grupo de trabalho para temas de DI e que ele produz iniciativas voltadas a estimular a DI em todo o setor mineral.
O GT está conectado com a Agenda ESG da Mineração do Brasil. “Buscamos trabalhar com uma frente de educação e de sensibilização muito forte. Queremos trazer muitas questões e propostas para as empresas do setor, para as comunidades com as quais estamos envolvidas, com todo o público envolvido com a gente. O marco desta Diversibram é evoluirmos nesta jornada”, afirmou.
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