Opinião

EDITORIAL | O fio da navalha

EDITORIAL | O fio da navalha
Crédito: Antonio Augusto / TSE

Definitivamente não são nada pequenos os desafios que o Brasil tem pela frente, demandando reformas estruturais que corrijam distorções nos campos da política, da gestão pública e do planejamento, com visão de futuro e permanência. Em qualquer circunstância não é pouca coisa, pior ainda com a polarização que, de uma forma ou outra, é e será necessariamente paralisante. E tudo isso, conforme apontam vocês mais esclarecidos, com a eleição presidencial, que se aproxima, confirmando-se virtualmente plebiscitaria e, assim, sem debates e sem propostas, afinal sem um projeto para o Brasil.

“Voto no Bolsonaro porque não gosto do Lula, voto no Lula porque não gosto do Bolsonaro” é resumo bastante real e igualmente bastante pobre, além de sugerir, em qualquer circunstância, a prevalência da divisão e, consequentemente, da imobilidade, que na realidade significará continuar regredindo.

Nesse contexto, em que também deram em nada os ensaios em torno do que foi chamado “terceira via”, restam como alternativas, assim mesmo longe do que parecem indicar as pesquisas de opinião, os nomes de Ciro Gomes e de Simone Tebet, cujo desempenho no Senado a credencia e traz como novidade suposta aproximação entre MDB e PDS, este nascido de dissidência com seu agora aliado.

Um quadro de nomes e de siglas partidárias em que todos repetem juras de patriotismo e de repúdio às velhas práticas da política, prometendo o novo, justamente como já fizeram anteriormente, mas nada oferecendo que dê concretude a um projeto que contenha as respostas que o Brasil e os brasileiros reclamam, capazes de deter a marcha-a-ré continuada e permitir a aceleração do crescimento econômico, base para sustentação dos investimentos em educação, saúde pública, segurança e infraestrutura, cujo resultado final corresponda à geração de riquezas e sua distribuição de forma a atenuar as desigualdades que já ultrapassaram o limite do suportável.

O entendimento sério da questão e de sua gravidade necessariamente conduz à conclusão de que mais do mesmo não tem como ser sustentável, seja por conta das questões internas, seja na perspectiva das mudanças que ocorrem no planeta. Faltando pouco mais de três meses para a votação em primeiro turno, este, digamos, silêncio só pode causar preocupação, da mesma forma que preocupam os sinais de que a situação pode não se curvar ao resultado que as urnas apresentarem, sendo suficientemente claros os sinais nessa direção e, uma vez mais, a passividade do conjunto majoritário da população, que permanece alheio e indiferente, mesmo que pesquisa de opinião registre que 70% dos eleitores não suportam a ideia de qualquer ruptura. Que se mobilizem então.

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