EDITORIAL | Conversa de malucos

Triste constatar. Os relatos disponíveis continuam apontando, nessa reta final da eleição presidencial, que as redes sociais, abrigo, nesses casos, de lixo às vezes putrefato, continuam sendo o principal instrumento de propaganda política, nesse capítulo com vitória clara para o candidato que disputa um segundo mandato. Equipes enormes e bem pagas, às vezes com contribuição de alguns ditos influencers, fazem o trabalho sujo sem nenhuma espécie de pudor e, pior, praticamente sem limites. O resultado esperado é a desinformação a um nível absurdo, dela não sendo mais necessário dar exemplos de tão conhecidos que são.
Triste também constatar que modernidade às vezes pode significar involução e que todas as promessas e tentativas de barrar tais abusos deram em nada, numa explícita recomendação – que não vale apenas para nosso País – de que à frente alguma coisa mais séria precisa ser feita. E que ninguém diga que um candidato que insinua enxergar prostituição num grupo de jovens refugiadas e nada faz para resguardá-las, como seria seu dever, estaria apenas sendo censurado, privado de sua liberdade de expressão. Mais mentiras apenas, mais tentativas de confundir enquanto as verdadeiras questões nacionais, aquelas que realmente importam, passam ao largo.
Agora, e no limiar da votação, mais uma novidade. O presidente da Câmara dos Deputados pede urgência para que seja votado projeto que estabelece punições para empresas que fizerem pesquisas de opinião sobre o resultado das votações e não acertem. Definitivamente fica no ar a impressão de que alguns políticos perderam por completo o bom senso e, no caso, legislam sem sequer conhecer a matéria. Apenas conveniência explicitada sem qualquer pudor. O leitor mais atento conhece nossa opinião sobre pesquisas, sabe que as consideramos como mais uma interferência imprópria, capazes de interferir na escolha livre dos eleitores. Aí estamos pensando em coisas bem diferentes.
Lembrando em primeiro lugar que existem pesquisas para todos os gostos, não faltando quem se disponha a apresentá-las e montadas, o que não é nada difícil, para comprovar o que se quiser comprovar. Existem também empresas sérias, competentes e assim reconhecidas, nunca deixando de assinalar que fazem apenas estimativas, indicadoras de tendências que podem ou não se confirmar. É assim, sempre foi assim, e o verdadeiro interesse agora parece ser apenas tumultuar, até porque, dentro do contexto, a tarefa de criminalizar parece impossível de ser executada, além de não fazer o menor sentido.
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