Opinião

EDITORIAL | Lições a aprender

EDITORIAL | Lições a aprender
Crédito: Adobe Stock

Às incontáveis manifestações de repúdio aos ataques terroristas de domingo em Brasília somam-se, unânimes, advertências de que a gravidade dos acontecimentos exige apuração e punição exemplares. As instituições públicas, a democracia brasileira, exibiram vitalidade e capacidade de resistência, impediram que a tentativa de golpe avançasse além dos limites da baderna. Claro nos parece, contudo, que o País chegou a este ponto lamentável entre outras razões porque houve leniência, displicência até como no caso de entregar a segurança da Capital Federal a um aliado do ex-presidente, o mesmo se repetindo com o governador, ambos já afastados.

Mas, pelo dito e observado nestes dias, e até antes, as ações necessárias não se esgotam aí. Mais uma vez os fatos expuseram de forma que não deixam margem para dúvidas os riscos, gravíssimos riscos, representados pela falta de controle e regulamentação sobre as redes sociais e demais aparatos eletrônicos transformados em ferramenta de aglutinação, mobilização e até doutrinação de elementos que não se ajustam à sociedade, tal como ela deve ser entendida. Controles necessários, essenciais e que absolutamente não podem ser confundidos, conforme alguns tentam fazer crer, com censura ou liberdade de expressão.

Os próprios acontecimentos comentados, de repercussão e repulsa universais, nos fazem ver que em nenhum momento seus financiadores, organizadores ou a massa de incautos aliciados pelas redes estiveram ao abrigo das liberdades apontadas. Bem ao contrário, as redes, por iniciativa própria, já cuidaram de banir o conteúdo indesejável. Da mesma forma que não se pode admitir que qualquer pessoa que não seja desprovida de faculdades mentais íntegras encontre como enxergar nas invasões e depredação do Congresso Nacional, do Supremo Tribunal Federal e da sede do Executivo Federal qualquer prática que se identifique com cidadania e exercício de direitos legítimos. Muito menos, claro, liberdade e democracia.

Tudo isso nos parece bastante para esperar também que os malfadados acontecimentos tenham servido também como advertência, no sentido de fazer ver que não se pode relaxar com relação à segurança na Capital Federal, consequentemente com as instituições que são os verdadeiros pilares do Estado brasileiro, de uma sociedade que se pretende organizada e democrática.

O preço pago já foi suficientemente alto mas será ainda maior se não tiver servido para aprendermos a lição.

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