EDITORIAL | Socorro aos transportes

O sistema rodoviário brasileiro, que responde por pelo menos 60% das cargas movimentadas no País, além de ser também a base da movimentação de passageiros, em coletivos ou veículos individuais, padece de inanição. A conclusão, que não escapa à mera observação, é dos sindicatos das empresas transportadoras, que permanentemente mapeiam a malha rodoviária, apontando – e denunciando – seus pontos críticos. E nada mais poderia ser esperado, considerado o descompasso entre a demanda de investimentos e o pouco efetivamente realizado.
Para o novo governo, evidentemente, é algo a considerar e partindo das necessidades crônicas e não atendidas de manutenção, que representam riscos, custos e a deterioração de equipamentos públicos numa escala que beira a irresponsabilidade. Uma questão que, verdade seja dita, vem de longe, embora no governo passado tenha chegado a extremos ainda não conhecidos. Sobre o assunto cabe lembrar que as autoridades públicas vêm insistindo, faz tempo, que não há disponibilidade de recursos para cobrir as demandas, inclusive de novos investimentos e que a solução possível, mencionada mais enfaticamente pelo menos desde a gestão de Fernando Henrique Cardoso, seria a captação de recursos privados, internos e externos, canalizados para concessões ou privatizações.
Quase uma mágica e tão forte que bastaria para injetar recursos que bastariam para reaquecer a economia brasileira. Evidentemente que passamos longe desse ponto e, pior, existem evidências de descumprimento de contratos, referentes a obras de melhorias e de manutenção. Como na BR-040, no trecho de Juiz de Fora a Brasília, passando por Belo Horizonte, que já deveria estar duplicada há tempos, tanto quanto o pedágio que continua sendo cobrado e sem que a devolução da concessão, por desistência, seja consumada.
Como não existe um tapete grande o suficiente para que todo esse lixo seja varrido para debaixo dele, seria bem melhor, e finalmente, fazer justo o contrário. E encontrar meios e modos de, pelo menos, conter o processo de degradação da malha rodoviária, quem sabe dentro do conceito de levantamento de obras não concluídas, que já estão sendo levantadas e ganhariam algum tipo de prioridade. Também é de se esperar que tudo isso caiba no prometido projeto de integração e recuperação dos modais de transporte, incluindo ferrovias, hidrovias e navegação de cabotagem, tudo isso significando mais eficiência a custos menores, com ganhos para a população e para a competitividade da economia brasileira. Que tudo isso agora seja para valer.
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