A união que faz a força

Dividir para dominar, estratégia bem conhecida e amplamente adotada desde os tempos coloniais, está na origem das críticas e restrições à criação do Mercosul, em 1991. Da mesma forma, e desde então, as continuadas tentativas de retardar sua efetiva implantação, processo que no Brasil foi drasticamente acentuado no governo passado. A união, a soma de forças e esforços evidentemente é de fundamental importância para que os países da América Latina se fortaleçam mutuamente, aproveitando as condições complementares de suas respectivas economias. Por outro lado, como bloco, a América Latina pode se apresentar ao mundo em condições bem diferentes daquelas decorrentes de ações isoladas, exatamente como fizeram europeus e outras regiões do planeta.
São pontos a assinalar para que se compreenda o porquê de o presidente Lula ter escolhido a Argentina e o Uruguai para sua primeira viagem internacional, tendo ele próprio destacado o simbolismo dessa atitude. Sendo o Brasil a maior e mais forte economia do Continente, sua virtual ausência do Mercosul enfraqueceu sobremaneira a integração continental, que esteve muito próxima de ruir. Com o novo governo, bem distante da desastrosa política externa praticada nos quatro anos anteriores, a integração continental, independentemente das opções políticas de cada país integrante, como deve ser e ressaltou o presidente brasileiro, é retomada na sua plenitude, o que certamente há que ser saudado como um avanço. Ou mais um sinal de que o Brasil realmente volta a ocupar seu lugar e sua importância no planeta.
Agora, e como foi dito quarta-feira passada em Montevideo, é preciso avançar, renovando e modernizando as estruturas do Mercosul, no sentido de facilitar a integração entre os países membros. Nesse processo o Brasil, por sua condição, inevitavelmente terá papel predominante, o que não pode e não deve ser transformado em motivo de intriga, simplesmente porque é de nosso interesse direto que o grupo seja fortalecido, inclusive nas relações com a China, agora sem os riscos de que o Uruguai venha a fazer um acordo comercial direto com aquele país, possibilidade que, se consumada, representaria grave ameaça aos demais países.
Em síntese e concluindo, a integração latino-americana, um Mercosul mais forte é igual a uma América Latina mais forte e a cada um dos países membros igualmente mais fortes. Com movimentos bem-feitos, com a união fortalecida e evidenciada, não há por que duvidar, ganharemos todos. E da mesma forma como é possível entender as razões dos que são contra a integração, defendendo interesses que definitivamente não são os nossos.
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