As paisagens rurais e a agroeconomia
*Por Benjamin Salles Duarte
O solo é a base física da produção agrícola, pecuária florestal, e energia renovável, assim como as bacias hidrográficas são as grandes áreas coletoras de chuvas nas paisagens rurais brasileiras que, juntamente com os produtores e empresários rurais, pesquisadores, mercados, consumidores, adoções de inovações e boas práticas sustentáveis ofertam alimentos, in natura e processados, necessários ao abastecimento interno e às exportações anuais do agronegócio brasileiro.
Evidentemente que as atividades agrossilvipastoris, em milhões de hectares nesse País continental, dependem também das condições climáticas, do “ciclo hidrológico” e da distribuição das chuvas, resumindo; nem chuva demais nem de menos, o suficiente e no período certo, incluindo-se as tecnologias da agricultura irrigada ocupando uma área de 8,5 milhões de hectares (ANA).
Há uma sinergia entre milhares de condicionantes e convergindo para os respectivos processos agro produtivos nas paisagens rurais, como também no comércio por vias internas e nas exportações. Visão é de sistemas e não apenas de produtos, sendo que em todas as etapas do agronegócio a tomada de decisão de quem planta e cria exige acesso às informações oportunas, confiáveis e gerenciáveis e crédito rural nas suas diversas modalidades.
Somente em Minas Gerais existe um universo de 607,6 mil estabelecimentos rurais agropecuários, dos quais 441,5 mil (72,6%) são enquadrados como familiares (Censo Agro 2017). Ressalte-se que o Estado mineiro é mais diversificado nas suas culturas e criações (IBGE), e exigindo múltiplos cenários de pesquisas, dados e informações transformadas em conhecimentos e boas práticas adotadas no campo!
Poder-se-ia reafirmar que não prevalecem eventos simples, dissociados, na trilogia econômico, social e ambiental.
Assim, entre outras centenas de condicionantes, duas demandas continuam estratégicas: água para múltiplos usos e alimentos mínimos essenciais à dieta humana, nutricional, que são diretamente relacionadas às taxas de crescimento demográfico. Belo Horizonte passou de 693,3 mil habitantes em 1960 para a estimativa de 2,53 milhões em 2021 ou mais 265% (IBGE).
A qualidade de vida passa também pelas ofertas de empregos e a distribuição da renda per capita, bem como pelos programas sociais de redução da fome!
O Valor Bruto da Produção Agropecuária(VBPA) de 2022 fechou em R$ 1,18 trilhão, o maior de uma série de 34 anos. O faturamento bruto das lavouras foi de R$ 814,77 bilhões e o da pecuária R$ 374,27 bilhões; o VBPA para 2023 é estimado em R$ 1,26 trilhão (+6,3%)(SPA/Mapa).
O agro é estimulador de pequenos, médios e grandes negócios agropecuários, e em 2021 os produtores brasileiros importaram 41,6 milhões de toneladas de fertilizantes, um recorde (Conab), e as vendas de máquinas agrícolas atingiram R$ 92 bilhões em 2022.O PIB do agronegócio foi de R$ 2,56 trilhões em 2021 (Cepea/USP).
Contudo, ainda há um mundo aberto à pesquisa agropecuária nesse viger do XXI, e nas demandas da segurança alimentar como políticas de governos.
E mais, requer eficiência no processo de tomada de decisão, que é conjuntural nas artes de comprar os insumos básicos, plantar, criar, conservar, preservar, armazenar, onde couber, transportar, distribuir, abastecer e exportar, sustentáveis, e ainda têm um considerável caminho pela frente numa economia globalizante, onde o protagonismo do Brasil será uma conquista coletiva, tecnológica, que também passa pelas mudanças climáticas.
Em 2022, o agronegócio brasileiro exportou US$ 159 bilhões e havendo um superávit de US$ 141,8 bilhões, destacando-se a China com importações da ordem de US$ 50,8 bilhões em comparação aos US$ 10,5 bilhões dos EUA; o agro respondeu por 47,6% do total de exportações do Brasil (Mapa).
*Engenheiro agrônomo
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