Agronegócio

Ferrugem asiática eleva custos das lavouras de soja em 10 estados do País

Elevação de casos da doença fúngica exige maior rigor no controle e mais aplicações de defensivos, aumentando os custos com fungicidas
Ferrugem asiática eleva custos das lavouras de soja em 10 estados do País
Crédito: Reuters/Roberto Samora

São Paulo – O clima chuvoso durante o verão de 2023 tem elevado os casos da doença fúngica ferrugem asiática nas lavouras brasileiras de soja, o que exige maior rigor no controle e mais aplicações de defensivos, aumentando os custos com fungicidas em quase 10% em uma safra que já era mais cara do que a anterior.

Até a última quinta-feira (2), cerca de 160 casos da doença haviam sido relatados na temporada de 2022/23 em dez Estados, com os principais índices no Paraná, Goiás, Mato Grosso do Sul, São Paulo e Mato Grosso, conforme dados do Consórcio Antiferrugem. Uma semana antes, eram 144 relatos contra 88 no mesmo período de 2021/22.

“A ferrugem asiática está, sim, mais incidente do que no ano passado. A chuva favorece o ambiente para replicação de fungos.  Então, de fato, estamos notando mais necessidade de tratos culturais com fungicidas”, disse o diretor da consultoria Pátria AgroNegócios, Matheus Pereira.

Segundo ele, áreas que no passado teriam até três aplicações de fungicidas, “nesse ano dificilmente conseguirão aplicar menos do que quatro”.

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Nas lavouras atingidas pela ferrugem, que é a mais grave das doenças fúngicas, não há expectativa de grande quebra para esta safra devido ao estágio em que as plantas se encontram, em sua maioria em enchimento de grãos, e ao aumento de aplicações de fungicidas.

As chuvas e o calor que favorecem o fungo, por outro lado, têm beneficiado o desenvolvimento das lavouras do país, que deve ter uma colheita recorde. Desta forma, o principal impacto é, de fato, no bolso do produtor rural com os custos para controle.

Pereira calcula que uma nova aplicação de fungicida aumenta o custo com químicos em torno de 8% nesta safra. Desta forma, a despesa total do agricultor com insumos (sementes, fertilizantes e defensivos) deve ter um incremento adicional de 3,4%.

O especialista destacou, no entanto, que a safra de 2022/23 – estimada pelo governo federal em recorde de 152,7 milhões de toneladas – já era a mais custosa da história do maior produtor e exportador da oleaginosa. “No Centro-Oeste em 2022/23, o custo de insumos (apenas sementes, defensivos e fertilizantes), sem elencar o custo com a aplicação, foi em média de R$ 4.300 por hectare, alta de 28% em relação a 2021/22”, afirmou sobre a despesa inicial do agricultor, antes do avanço da ferrugem e demais doenças.

A guerra entre Rússia e Ucrânia teve importante contribuição nas despesas maiores desta safra, pois elevou no ano passado os preços dos fertilizantes no primeiro semestre, momento em que os agricultores faziam aquisições para o plantio de 2022/23.

Mais problemas

Outras doenças causadas por fungos também vêm sendo registradas nas lavouras de soja, acrescentou a pesquisadora da Embrapa Soja, Cláudia Godoy. Segundo ela, nas regiões do Cerrado, por exemplo, onde vem ocorrendo boa distribuição de chuvas, observa-se alta incidência da doença mancha-alvo.

Além disso, na região Sul, há relatos de mofo-branco nas regiões mais altas com temperaturas mais amenas e, em períodos de menor precipitação, a presença do conjunto de fungos oídio. (Reuters)

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