EDITORIAL | Um futuro para BH

Indagado, em entrevista a este jornal, se teria pretensões de se candidatar à Prefeitura, o vereador Gabriel Azevedo, presidente da Câmara Municipal, respondeu que “não tenho um projeto de poder, tenho um projeto de cidade”. E completou: “O que eu quero é uma Belo Horizonte que funcione quando o assunto for mobilidade, uma capital sustentável”. Para ele, uma cidade capaz de gerar empregos de qualidade, empregabilidade plena, moradia para todos e educação de ponta”. Por óbvio, colocações pertinentes, além de conter uma carga de aparente sinceridade nada comum no ambiente político.
É fato objetivo que Belo Horizonte precisa ser repensada urgentemente e para muito além do plano de revitalização do hipercentro, que volta à baila também por iniciativa do presidente da Câmara, em ações já em andamento e com o concurso da Federação das Indústrias de Minas Gerais (Fiemg). De fato o modelo em torno do qual o processo de urbanização foi acelerado no século passado caducou, entre outras razões por conta de um esvaziamento populacional. As regiões centrais das grandes cidades, e não apenas no Brasil, são esvaziadas à noite, abrindo espaços para a insegurança e todo um processo de degeneração.
Mudar significa estancar esse fluxo ou, mais, revertê-lo a partir da recuperação de prédios desocupados que possam ser transformados em moradias. Dizem os estudiosos, seria o bastante para a recuperação do comércio local e noturno, ao mesmo tempo que estaria acontecendo um rearranjo com repercussões positivas também na mobilidade, nas correntes de trânsito. Cidades como Barcelona, na Espanha, que já foi fonte de inspirações para outras incursões nesse terreno, comprovam ser este o primeiro passo para a revitalização, que por sua vez deveria conversar com ações voltadas para a recuperação econômica.
Belo Horizonte, também nesse aspecto, está definhando. Perdeu indústrias tradicionais de porte e não recebeu nas últimas décadas nenhum grande investimento. Entre outras razões porque não há mais espaço para abrigá-los nos limites do município, o que deveria bastar para fazer entender que é preciso ousar buscar caminhos diferentes. Em setores tradicionais e consolidados como a indústria da moda ou avançando, para valer, na direção da lapidação e ourivesaria. E sem esquecer os espaços da tecnologia e da inovação, da medicina, em que dispomos de elementos de vanguarda, e da própria educação.
São caminhos possíveis e na direção daquela cidade quase ideal mencionada pelo vereador Gabriel Azevedo. Nada utópico, apenas compromisso de fazer bem-feito.
Ouça a rádio de Minas