Opinião

EDITORIAL | Quem olha para o País?

EDITORIAL | Quem olha para o País?
Palácio do Planalto. Crédito: Marcelo Camargo/ Agência Brasil

De fato, os ponteiros do relógio da política brasileira só voltaram a girar na semana passada, com a posse de senadores e deputados, além da eleição das respectivas mesas diretoras. As avaliações a respeito dos acontecimentos são sempre na mesma direção, visando apontar quem ganhou e quem perdeu e, assim, tentar definir o novo balanço do poder, que aparentemente se inclina, como de costume, na direção do próprio poder. São os fatos. Independentemente deles, um grupelho de deputados federais, gente que só tem alguma relevância pela capacidade que possui de utilizar as redes sociais, prossegue habitando outro planeta. E valentes que são, aproveitaram o primeiro dia das atividades parlamentares para proclamar que “agora é guerra”.

Definitivamente não se emendam e caberia indagar, mais a sério, o que estariam fazendo lá, visto que estamos falando de gente que ajudou a articular e participou de toda a baderna dos últimos meses. Como afinal entender propósitos e motivação de um parlamentar que reclama intervenção militar falando em democracia ao mesmo tempo e parece não fazer a menor ideia de que quando isso aconteceu pela última vez, em 1964, a primeira vítima foi justamente a liberdade? E não são eles, exatamente, que se dizem patriotas e democratas?

Tudo isso derreteu no dia 8 de janeiro, revelando, felizmente, a mais completa desarticulação, com a repetição, vistas em perspectiva, apenas de cenas absolutamente patéticas. Mas a minoria ensandecida, tão fora da realidade que alguns presos depois das invasões do Congresso, do Supremo Tribunal Federal e do Palácio do Planalto, ainda reclamaram do tratamento recebido, chegando a compará-lo aos campos de concentração nazistas. Para eles, percebe-se, tudo parece tão natural quanto normal. E como temos dito neste espaço, não estamos olhando para um lado ou para outro, mesmo concordando que existem diferenças que impedem comparações.

A questão é outra e muito maior. Falta saber quem, afinal, está de fato preocupado com o Brasil e com os brasileiros, tendo como medida de sucesso, ou de compromisso, a definitiva superação das dificuldades que nos oprimem. E tem impedido o País de se apresentar ao mundo em condições melhores, compatíveis com seu potencial de gerar riquezas que transformem e melhorem as condições de vida para todos. Os parlamentares que se imaginam travestidos de guerreiros à custa de toscos cartazes colados nos seus ternos deveriam ser os primeiros a responder.

Custa crer, tristemente, que de fato eles tenham alguma coisa a dizer.

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