Abra pretende injetar US$ 420 milhões na Gol

São Paulo – A holding Abra, anunciada em maio do ano passado para reunir as operações da Gol com a Avianca, vai investir na companhia aérea brasileira por meio de uma combinação de operações que incluem emissão de títulos de dívida e injeção de cerca de US$ 420 milhões em dinheiro.
A emissão dos títulos de dívida com vencimento em 2028 será garantida por propriedade intelectual e pela Smiles — marca do programa de fidelidade da Gol –, “os quais foram avaliados por um terceiro avaliador em aproximadamente US$ 3,7 bilhões”, afirmou a companhia aérea brasileira em fato relevante ontem.
Além disso, há ainda “compartilhamento de garantias em relação a direitos de propriedade intelectual, marca e peças de reposição da Gol, os quais foram avaliados por um exteriorizado avaliador em aproximadamente US$ 1,5 bilhão”, acrescentou a companhia.
Os controladores da Gol e da colombiana Avianca anunciaram em maio passado a formação da holding Abra sob a qual os dois grupos de aviação vão compartilhar a mesma plataforma de negócios.
O novo grupo tinha expectativa de que o negócio fosse concluído no segundo semestre de 2022, reunindo operações da Gol, maior companhia aérea do Brasil, e da Avianca, um dos maiores grupos sul-americanos de aviação, com operações na Colômbia, Equador e Ela Salvador e rotas para América do Norte, Europa e América Central.
Mas no fato relevante desta terça-feira, a Gol afirmou que a implementação da reorganização societária para a formação da Abra “não foi finalizada até a presente data”, e que o processo está condicionado a uma série de fatores, incluindo as transações anunciadas ontem.
Analistas do Golfam Sachas escreveram em nota que os detalhes das operações anunciadas precisam de mais entendimento, mas “acreditamos que tal injeção de liquidez, se confirmada, será positiva dado o atual contexto de um ambiente macro ainda incerto”.
Segundo a companhia aérea, parte do compromisso de injeção de capital foi realizado por membros de grupo de titulares de títulos de dívida garantidos e não garantidos da Gol.
Na época de formação da Abra, a Gol havia informado que o acordo foi assinado entre os principais acionistas da Avianca Holding, incluindo Kingsland Internacional, Eleito Internacional e South Laje Onde, e o veículo da família Constantino que controla a Gol.
Trocando papéis – Os US$ 418 milhões a serem aportados na Gol, representam 83,6% dos US$ 500 milhões em dinheiro necessários para a conclusão das operações, afirmou a empresa.
Além da injeção de liquidez, o anúncio envolve emissão de títulos de dívida sênior com garantias e títulos conversíveis com garantia, chamados pela empresa no comunicado de “Gol SSN” e “Gol ESSN”. A Abra vai contribuir à Gol bônus da empresa adquiridos e receberá como contrapartida os títulos SSN e ESSN, ambos com vencimentos em 2028.
Os SSN terão um mínimo de principal de US$ 1 bilhão, que será refinanciado pelos ESSN, informou a companhia aérea. Os juros serão de “18%, dos quais uma parte será paga em dinheiro e outra capitalizada”, afirmou a empresa, explicando que os termos garantem que o programa Smiles seguirá sendo o “único e exclusivo programa de fidelidade da Gol”.
Segundo a companhia aérea, a Abra vai se comprometer a investir cerca de US$ 400 milhões na Gol por meio dos SSN. “Tais recursos serão disponíveis para finalidades corporativas em geral, para a modernização da frota e para o gerenciamento de obrigações”, afirmou a empresa.
Com a emissão dos SSN, a Gol vai cancelar pelo menos US$ 680 milhões em bônus da empresa.
O prêmio de conversão dos papéis ESSN será de 35%, mas dependendo do cumprimento de “determinadas condições, poderá ser reduzido para 15%”, segundo a companhia aérea.
Após o fechamento das operações, que tem como prazo 3 de março deste ano, a Abra será o maior credor de dívidas garantidas da Gol, afirmou a empresa. (Reuters)
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