Opinião

Distância Lunar

Distância Lunar
Crédito: Ricardo Reitmeyer/Adobe Stock

Carlos Perktold *

Notícia vinda de astrônomos nos informa que a lua está se afastando da Terra três centímetros e meio por ano. Acredito, mas não faço a mínima ideia de como chegaram a essa conclusão, tendo em vista a longa e quase incomensurável distância entre este Planeta Azul e o seu satélite natural. Se considerarmos os milhares de quilômetros entre os dois, a descoberta é o mesmo que pesquisar e descobrir um vírus sem microscópio eletrônico em plaqueta de dois metros quadrados. Considerando ainda que as distâncias são medidas em ano-luz entre planetas, o leitor há de convir que a descoberta seja uma
mixaria lunar.

De qualquer forma, fico preocupado com o aumento da distância por que planejava viajar para aquele satélite, conhecer o espaço sideral, me apresentar aos diferentes ETs pelo caminho e ver se eu conseguiria enxergar o Mineirão com as luzes acesas lá de longe. Outra preocupação é com o preço das passagens assim que houver voos regulares. Sei que a nova distância fará o preço delas aumentar e posso não ter
disponibilidade financeira para viajar mais alguns centímetros. Como os físicos que descobriram a novidade, há de se considerar que, desde 1969, ano da descida de Armstrong em solo lunar até hoje, a Lua se afastou 185 metros e só soubemos agora. Se alguma empresa se dispõe a vender as passagens, é possível cobrar o mesmo preço de 1969, acrescido da inflação americana, mas se a lua for se afastando continuamente, é de se lamentar que, dentro de, digamos, um milhão de anos, não será possível pagar as
passagens, mesmo que uma vaquinha entre amigos desse parcialmente conta. Um milhão de anos passam depressa e ela ficaria longe e a passagem cara demais.

Qualquer um de nós adoraria ver a Terra lá da lua, metade escura e metade clara, uma bola gigantesca girando em seu próprio e postulado eixo, confirmando a frase de Yuri Gagarin de que ela “é azul”. Imagino que uma viagem desta imensidão no espaço sideral, por certo, há de nos transformar. Seu eu a fizesse, na volta me sentiria um ser diminuto, mas tão diminuto que ratificarei a minha desimportância neste vasto mundo de Deus. Na volta da viagem eu me sentaria numa cadeira de balanço e não faria mais nada na vida, convencido de minha pequenez.

Vi no Canal Discovery que há cientistas dizendo que ela é um satélite artificial, oca e que dentro dela há laboratórios e ETs muito mais adiantados que nós, nos vigiando há milhares de ano. O mesmo canal informa que, sendo artificial, ela foi colocada em órbita da terra há milhões de anos por seres de outros planetas, algo parecido como aqueles satélites que colocamos em nossa órbita e que, pela quantidade e obsolescência, foram se tornando lixos siderais. Se for assim, não há chance de a colonizarmos e imaginar que podemos fazer lá aquilo que Cortez fez no México, vamo-nos dar mal.

Outra surpresa foi saber que vemos apenas e sempre o mesmo lado da lua por que ela acompanha a rotação da terra. O seu verso, digamos assim, é um mistério que apenas três ou quatro astronautas nossos viram. Já imaginaram pousar no lado obscuro dela e encontrar um grupo de lunares nos esperando com fogos de artificio, banda de música, bandeirinhas, muita pipoca e quentão, como se fosse uma festa junina em Minas? Claro que isso não acontecerá. Minas anda tão por fora das atividades extraterrestres que nem disco-voador sobrevoa nosso território tão cheio de mineiro de ferro, algo que eles devem ter em abundância. Exceto em Varginha, é claro.

Conheci um sujeito sábio, historiador com PhD na Sorbonne com tese sobre os sumérios, povo que nos ensinou a escrita e que, dizem os teóricos dos antigos astronautas, aprenderam-na com os extraterrestres que habitaram a Mesopotâmia. Meu amigo não acreditava nos discos voadores e tinha ideia interessante sobre suas inexistências. Comentava que o planeta mais perto da terra está a 40 anos-luz de distância. Argumentava que sendo a natureza igual em todo o universo, isto é, a tabela periódica é a mesma aqui, em Marte ou em qualquer planeta rochoso, não é possível nenhum objeto voador construído com algum mineral conhecido capaz de suportar a velocidade da luz viajando por quarenta anos para chegar até nós.

Na nossa conversa, aleguei que esse tempo é a nossa medida e que pode ter outra em outro planeta. Além disso, descobrimos o aço somente depois que misturamos o ferro com o manganês. Assim, é possível e até provável que haja algum elemento naquela tabela que ainda desconhecemos e que eles têm em abundância e que, amalgamado com outro também desconhecido por nós, crie um novo metal resistente e leve suficiente para viajar longas distâncias, exatamente como criamos o aço e descobrimos o recente alumínio. Há ainda o novo e misterioso elemento 115 da mesma tabela e que, descoberto em Moscou, não existe em nosso planeta e, asseguram os cientistas, tem sua origem extraterrestre.

A opinião deste autor é que os lunares viajam com objetos fabricados com o elemento 115 adicionado a outros que os transformam em peças resistentes, fabricados sem um parafuso ou um rebite e que viajam pelas ondas de ultra-alta frequência (UHF) e podem mergulhar nos lagos ou oceanos sem vazamento algum. Eles descobriram também a fórmula de revogar a lei da gravidade e fizeram da luz um combustível capaz de impulsionar várias toneladas de um objeto voador com uma bateria de 10 volts, daí a falta de qualquer som em suas aparições que, viajando com velocidade incrível, ficam gozando os pilotos de jato ou de caça americanos quando os descobrem em poderosos radares. Os lunares devem nos julgar primitivos demais em tudo e devem morrer de rir quando assustam algum piloto em avião mono ou bimotor no céu de brigadeiro.

A engenharia reversa, aquilo que recriamos após desmontar e examinar cada peça do objeto desmontado e o aprimoramos ou criamos outro melhor, já nos possibilitou o adiantamento de nossa tecnologia em séculos. Governo algum confidencia o que já gerou com a observação de discos-voadores acidentados (pra quem acredita), mas é possível que os fantásticos telefones celulares hoje existentes, a internet, os aviões invisíveis aos radares viajando a 2,5 a velocidade do som e objetos que ainda não chegaram ao mercado público, tenham sido criados pela engenharia reversa e tenham origem fora do Planeta Azul.

Mas, se a hipótese de não haver ninguém na lua for verdadeira, é possível que em médio prazo já a tenhamos colonizado e ela então fará parte de nossa rotina aérea diária em direção ao infinito, como se a lua fosse um ponto de apoio ou uma estação aérea em linha regular como há hoje entre uma e outra estação de metrô do Rio, Paris ou Nova Iorque. Sei que a lua que conhecemos é um deserto como o Saara e desinteressante como uma praia deserta, mas nela há coisas curiosas. Quando eu for astronauta e for enviado em foguete, vou procurar as pegadas deixadas por Armstrong e prestar continência à bandeira americana só pra irritar a esquerda do Brasil. Se ela já estiver colonizada, não deixarei de cumprimentar os ETs que lá montaram acampamento há vários séculos e que não se surpreenderam com a presença dos americanos em 1969.

Como o solo lunar é improdutivo, por certo eles se alimentam de cápsulas mágicas a cada cinquenta anos e vivem milhares de anos, sem se procriarem com a nossa frequência.

Por tudo isso, não imagine que três centímetros e meio é pouco. Dependendo do local e da sua atividade profissional terrena é distância enorme. Pergunte a um cirurgião, a um dentista ou a um calculista.

*Psicanalista.

Rádio Itatiaia

Ouça a rádio de Minas