Opinião

EDITORIAL | Cada coisa a seu tempo

EDITORIAL | Cada coisa a seu tempo
Crédito: Waldemir Barreto / Agência Senado

Enquanto vai fazendo costuras políticas em que se repetem métodos tanto conhecidos quanto desconectados de princípios eticamente aceitáveis, o presidente Lula vai se dando conta do tamanho da tarefa que tem pela frente. Resumindo e repetindo o que foi dito por um de seus mais próximos colaboradores, nem mesmo a equipe de transição se deu conta da enormidade dos problemas herdados do governo anterior. Nessas condições, o desafio de colocar a casa em ordem parece estar assumindo proporções imprevistas, independentemente do nível de governabilidade que seja alcançado ou das ameaças de uma minguada e desacreditada oposição de promover um “guerra” permanente ao novo governo.

Um cenário bastante delicado ao qual o próprio presidente Lula tem acrescentado ingredientes igualmente indesejados, porque distantes de suas promessas de promover a reconciliação que se transforme em união e força para o enfrentamento dos desafios que estão pela frente. O presidente, que certamente conhece muito bem o terreno onde pisa, deve se dar conta, em primeiro lugar, que a campanha eleitoral acabou, que os palanques foram desmontados e entender o peso de suas palavras e atitudes no sentido de ajudar a alimentar confrontos que não interessam, senão à minoria que nos últimos meses não foi capaz de produzir nada além de tentativas de golpe absolutamente desastradas. Felizmente, para a maioria dos brasileiros, não passaram disso. 

Quanto ao presidente da República, que em campanha disse e repetiu que seria candidato de uma única eleição e igualmente apontou a possibilidade de reeleição e um segundo mandato como um dos grandes males da política brasileira, é preciso registrar que também mudou de ideia. E, apesar de sua idade, inclusive, já se coloca como “alternativa” e dependendo dos rumos que a política tomar, se disse aberto à possibilidade de um quarto mandato. Como assim, se o terceiro mal começou? Acelerar o calendário, contribuindo para que o País viva em permanente campanha, o que consome o tempo que deveria ser dedicado à gestão, soa nessas alturas como muito mais que uma péssima ideia.

Voltando ao início desse comentário, o que o País tem pela frente são, mais que desafios, questões de ordem prática por resolver. E num quadro tão complexo que ministros de Estado já apontaram suas dificuldades para montar as respectivas equipes e, assim, partirem para a ação em campos tão sensíveis quanto à área de saúde. É disso, exclusivamente, que todos que detêm alguma responsabilidade na gestão pública, e a começar do presidente da República, deveriam estar tratando agora. O resto é simplesmente o resto.

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