Agronegócio

Exportações mineiras de carne bovina Halal devem aumentar

Habilitação de mais plantas do País pode estimular certificação no Estado
Exportações mineiras de carne bovina Halal devem aumentar
Planta da Minerva S.A, em Janaúba, é uma das duas habilitadas em MG para exportação | Crédito: Minerva / Divulgação

A habilitação de mais plantas frigoríficas brasileiras para exportar carne bovina para o mercado da Indonésia pode estimular a certificação Halal em Minas Gerais. O País se destaca como um dos maiores mercados consumidores de carne Halal e pode se tornar um interessante parceiro comercial.

No Estado, duas plantas já estão habilitadas para exportar para a Indonésia. Por requerer processos e cuidados específicos, os produtos Halal – que são voltados para os muçulmanos – têm maior valor agregado, o que pode estimular a busca pela certificação. 

De acordo com dados do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), em janeiro foram habilitadas 11 novas plantas frigoríficas para atender ao país asiático e, em paralelo, seguem as negociações de habilitações para exportações de outros produtos, além da carne bovina. 

Em Minas Gerais, são duas plantas com aval para comercializar com a Indonésia e  são elas: a planta da Minerva S.A localizada em Janaúba, no Norte do Estado e a planta no município de Carlos Chagas, na região do Mucuri, da Maxi Beef Alimentos do Brasil Ltda. 

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O superintendente de Inovação e Economia Agropecuária da Secretaria de Estado da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa), Feliciano Nogueira de Oliveira, explica que a ampliação das habilitações é muito positiva para o setor produtivo. 

“De fato tivemos essa boa surpresa da habilitação das novas 11 plantas no Brasil. Já  havia oito e agora com mais estas 11, são 19 plantas frigoríficas de carne bovina. Em Minas, temos duas – uma da Minerva e uma da Maxi Beef”.

Ainda segundo Oliveira, o mercado da Indonésia está em expansão e pode ser uma boa oportunidade para que mais empresas invistam no abate Halal e busquem habilitação para exportar. 

“A Indonésia – país do Sudeste Asiático – é um dos mais populosos do mundo. São em torno de 275 milhões de habitantes. Dessa população, cerca de 87% é praticante da religião islâmica. O país tem uma economia forte, com crescimento médio anual da ordem de 3,7%. É um mercado que, embora o consumo per capita de carne bovina ainda seja pequeno, a gente acredita que vai crescer gradualmente e se consolidar, como aconteceu com a China. Dessa forma, a perspectiva é que seja um ótimo mercado para nossa carne bovina”.

Oliveira destaca que Minas Gerais já exporta outros produtos do agronegócio para a Indonésia: “Embora nós não tenhamos recentemente nenhum registro de exportação de carne bovina para Indonésia, em 2022, por exemplo, nós tivemos embarques de açúcar, complexo soja e café”. 

Conforme os dados, os embarques dos produtos do agronegócio no ano passado destinados à Indonésia movimentaram no Estado cerca de US$ 149,15 milhões. Ao todo, foram exportadas 353 mil toneladas. Já a nível nacional, as exportações de carne bovina para o país asiático somaram 20,5 mil toneladas em 2022.

“As expectativas são positivas. Nossa intenção é trabalhar e cativar o mercado para que ele vá, gradativamente, ampliando esse consumo per capita, mas que seja uma construção consistente do consumo”. 

Ainda segundo Oliveira, a indústria brasileira – tanto de carne bovina quanto de carne de aves – tem como carro-chefe no comércio internacional de proteína animal os produtos Halal.

Nesses dois produtos, o Brasil mantém negócios com cerca de 22 países árabes que exigem essa certificação Halal em seus produtos. A exportação brasileira é da ordem de 44 mil toneladas de carne certificadas como Halal ao ano.

“O grande diferencial, além de fazer parte dos hábitos alimentares da cultura muçulmana, são as regras bastante rigorosas em relação à sanidade do rebanho, à rastreabilidade desse produto e, de forma muito especial, ao processo de abate dos animais. A planta frigorífica tem que estar voltada para a cidade de Meca, na Arábia Saudita, os operadores têm que estar muito bem preparados para aquele momento do abate porque tem que ser considerado um abate sem sofrimento. Até os equipamentos também têm que ter preparação especial”.

Todos os cuidados diferenciados do abate Halal agregam valor ao produto, o que pode ser interessante para a indústria mineira e nacional. 

“Os mulçumanos são uma população representativa. Nós temos no mundo cerca de 2 bilhões de muçulmanos. A Indonésia concentra 87% dessa população. Então, é um mercado muito interessante para a gente cativar. Em relação a preços, apesar de não ter os valores, a produção da carne Halar, por ser produzida de forma especial, com rastreabilidade, tem um valor agregado que também é interessante”.

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