É preciso nos humanizarmos mais

David Braga*
Você já reparou que o tempo está passando cada vez mais rápido e com isso nossa agenda vai ficando mais desafiadora e nossas relações, muitas vezes, se esfriando? Parece que ninguém tem mais tempo, nem paciência para estar com ninguém. Com o avanço da tecnologia e das mídias sociais, ficou mais fácil conversar com amigos e familiares pelo celular do que aquele antigo e gostoso encontro presencial. E quando nos damos conta, nem sabemos mais em detalhes como eles estão ou que desafios estão enfrentando, não é verdade?
Da mesma forma, você tem percebido que as pessoas parecem estar mais insensíveis e menos empáticas? A empatia é a capacidade de se colocar no lugar de outra pessoa e compreender seus sentimentos e perspectivas, afinal de contas, cada um tem seu ponto de vista, suas ideias, sua cultura e seu repertório.
Ao longo de nosso dia, dentro ou fora do ambiente profissional, lidamos com pessoas de todos os tipos, não é verdade? É uma variedade de culturas, desejos, histórias e educação, que faz cada um ser quem é. E vamos lembrar que essa diversidade é o que traz o tempero da vida. Já pensou se todos fossem iguais? Seria com certeza entediante. Somado a isso, precisamos, querendo ou não, lidar ao longo do dia, com inúmeras tecnologias para entregar nossos resultados nas empresas ou mesmo lidar com certas situações em nosso cotidiano.
Pelo celular, podemos conversar com qualquer pessoa ao redor do mundo, pedir comida, pagar contas, enviar projetos, buscar conteúdo, aprender idiomas e inúmeras possibilidades, mas ao mesmo tempo, será que quanto mais avançamos na tecnologia e nas mídias sociais, não estamos perdendo nossa humanização e nossa conexão com as pessoas?
Perceber o outro é importante por várias razões. Em primeiro lugar, é fundamental para a construção de relações saudáveis e significativas. Quando percebemos o outro, somos capazes de compreender suas necessidades, sentimentos e perspectivas, o que nos permite construir relações mais profundas e solidárias. Além disso, perceber o outro é importante para a resolução de conflitos e para a criação de soluções que beneficiem todas as partes envolvidas.
Quando somos mais empáticos fortalecemos a construção de uma sociedade mais justa e inclusiva, pois passamos a ser capazes de entender e valorizar as diferenças entre as pessoas, assim, construímos uma sociedade mais harmônica, onde todos são tratados com respeito e dignidade.
E já que sabemos que ninguém tem todas as respostas sobre a vida, quando somos empáticos somos capazes de aprender com as pessoas que nos rodeiam e com isso nos desenvolvemos como seres humanos ao perceber que sempre há uma outra forma de fazer a mesma coisa que fazíamos há anos. E quando mudamos nossa perspectiva, mudamos nosso olhar, ficamos menos críticos e até menos chatos. Da mesma forma potencializamos as relações, deixamos o ambiente mais leve e promovemos a inovação, constantemente buscada pelas empresas.
A conexão com outras pessoas é fundamental para a saúde física e mental. Estudos mostram que as pessoas com relações sociais saudáveis têm menos chances de desenvolver doenças cardíacas, pressão arterial elevada e diabetes. Uma pesquisa publicada na revista Proceedings of the National Academy of Sciences descobriu que a falta de relações sociais é tão prejudicial quanto fumar 15 cigarros por dia. Impressionante, não é verdade?
Da mesma forma, conectar com outras pessoas é necessário para o bem-estar e ajuda a prevenir a solidão e a depressão, que têm sido cada vez mais latentes na atual sociedade. Quando nos conectamos com outras pessoas, melhoramos nossa autoestima e a nossa confiança.
Existem muitas maneiras de nos conectarmos com outras pessoas, tanto no ambiente de trabalho quanto fora dele, mas é preciso estar atento nessa construção que precisa ser diária e que compete com o celular, por exemplo. Você já percebeu quão ruim é você conversar com alguém que está teclando no celular e não lhe dá a devida atenção? É praticamente impossível escutar ativamente, ou seja, prestar atenção às necessidades e preocupações dos outros, se estamos com nossa atenção dividida. E nos sentimos péssimos quando não somos percebidos, não é verdade?
A tecnologia pode ser uma ferramenta útil para manter e fortalecer as relações, mas é importante usá-la de forma consciente e equilibrada, para não atrapalhar as relações. É importante desconectar-se regularmente e passar tempo com as pessoas ao seu redor, sem a interrupção da tecnologia. E vamos combinar: nada melhor do que o contato pessoal com aquelas pessoas que estimamos, correto? Então que tal pegar o telefone e agendar aquele café ou vinho com alguém que você precisa colocar o papo em dia? Te garanto que você voltará para casa depois, com sua energia renovada!
* CEO, board advisor e headhunter da Prime Talent, empresa de busca e seleção de executivos, presente em 30 países pela Agilium Group; é conselheiro de Administração e professor convidado pela Fundação Dom Cabral; além de conselheiro da ABRH MG, ACMinas e ChildFund Brasil. Instagrams: @davidbraga | @prime.talent
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