Economia

Voa Prates articula reunião com entes em busca de saída para empresas de aeródromo

Associação que representa segmento da aviação afirmou que vai pedir revisão de decisão, para que seja prorrogada, ou ainda, anulada
Voa Prates articula reunião com entes em busca de saída para empresas de aeródromo
Aeródromo existe na região desde 1944 e é um polo para a formação aérea no Brasil | Crédito: Alisson J. Silva/Arquivo DC

“Fechar o Aeroporto Carlos Prates vai gerar uma catástrofe para o setor”. Com essas palavras, o presidente da Associação Voa Prates, Estevan Velásquez, avaliou o potencial impacto do anúncio de desativação do modal emitido pelo Ministério dos Portos e Aeroportos nesta semana. Após a decisão e a movimentação da Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) para assumir o local, a entidade afirmou que vai pedir uma revisão da medida para que seja prorrogada, ou ainda, anulada.

Velásquez afirma que a Voa Prates está em contato com a Secretaria de Estado de Infraestrutura e Mobilidade de Minas Gerais (Seinfra), assim como o governo federal e a Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) para a realização de uma reunião conjunta em busca de uma solução para o segmento.

Conforme já noticiado pelo DIÁRIO DO COMÉRCIO, o terreno de 500 mil m², onde operam 15 empresas, sendo um dos maiores polos de educação aérea do País, terá que ser entregue até o dia 1º de abril. “Essa decisão foi tomada no calor da emoção e sem pensar na importância do Aeroporto Carlos Prates. As pessoas desconhecem o valor e a vocação do nosso aeroporto para o Estado“, afirma.

Segundo o porta-voz da associação, nenhum outro aeroporto de Minas Gerais do mesmo segmento possui tamanho e infraestrutura adequados para receber as instalações existentes no Carlos Prates. “Falaram do Aeroporto de Betim, mas ele nem existe ainda. Falaram do Aeroporto da Pampulha, mas ele não é uma opção viável e gera um custo operacional alto”, diz.

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Para uma mudança, Velásquez afirma precisar de uma infraestrutura antes da entrega e compatível com a proporção do modal em Belo Horizonte. “Por sermos um aeroporto com mais de 70 mil operações por ano, não há outro aeroporto no Estado que possa nos receber”, declarou.

Governo federal provocou imbróglio

À reportagem do DIÁRIO DO COMÉRCIO, Estevan Velásquez contou que já tem três anos que a Associação Voa Prates mantém um diálogo de valorização sobre a plataforma aérea. Ele explicou que a Seinfra já havia solicitado à Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero) a administração do aeroporto para o Estado.

“O Governo de Minas já havia feito esse pedido. Estávamos fazendo essa conscientização e viabilizando a parceria para trazer o Senac e o Senai com os seus laboratórios de tecnologia. Acontece que, com a entrada do novo governo federal, tudo mudou”, disse.

Enquanto a desativação do Aeroporto Carlos Prates é comemorada tanto pela Prefeitura de Belo Horizonte, quanto pelos moradores do entorno, empresas instaladas no modal, na região Noroeste de BH, enfrentam momentos de angústia e de preocupação. Para elas, o vídeo em que o prefeito Fuad Noman fala sobre extinguir acidentes e da insegurança com os voos no Carlos Prates gerou indignação.

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“O prefeito mostrou total falta de conhecimento e de pesquisa sobre a história do Aeroporto Carlos Prates. Em 80 anos, ocorreram cinco acidentes, sendo apenas dois deles que finalizaram com vítimas em solo. Um ocorreu em 2019 e outro lá na década de 80. Foram fatos isolados que poderiam ocorrer em qualquer lugar do mundo. Isso é inerente”, relembra Velásquez.

Prejuízo é incalculável para empresas

Na terça-feira (14), Fuad Noman esteve em Brasília, no Distrito Federal, em encontro com presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT). “Tive a oportunidade de agradecê-lo pelo empenho e apoio para resolver o problema”, ressaltou Fuad. Segundo a PBH, a estimativa é que sejam investidos cerca de R$ 500 milhões nas intervenções do aeroporto. 

O passo seguinte é o trâmite da doação do terreno da União para a cidade de Belo Horizonte. Para este feito, a prefeitura enviou um ofício ao Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Púbicos.

“Se isso se concretizar, teremos um impacto na perda de mais de 500 empregos diretos, além de prejudicar nossos 1.000 alunos”, declara Estevan Velásquez, que é dono de uma das escolas existentes no aeroporto. “Somente no ano passado, a minha escola gerou de R$ 3 milhões a R$ 4 milhões. Isso porque tem outras escolas e várias empresas. O prejuízo será grande”, completa.

ACMinas declarou apoio à população

Nesta quarta-feira, a Associação Comercial e Empresarial de Minas (ACMinas) se manifestou sobre o caso. A entidade destacou estar confiante no resultado das tratativas e consultas à população sobre o fechamento do aeroporto.

Em nota, a instituição informou que “o município de Belo Horizonte vai assumir a gestão da privilegiada área urbana onde se localiza, desde 1944, o Aeroporto Carlos Prates” e destacou que a iniciativa se trata de “um marco institucional relevante”.

De acordo com planos da PBH, a área dará lugar para comércio, indústrias não poluentes, serviços comunitários e moradias populares.

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