DC LIVROS | 18/03

A posição da mulher na sociedade
Amigo e copensador das ideias de Karl Marx, Friedrich Engels foi um estudioso alemão que também se dedicou ao estudo de seus próprios temas de pesquisa. Uma das obras escritas pelo autor foi “A Origem da Família, da Propriedade Privada e do Estado”, até hoje considerado um tratado histórico sobre as relações familiares de sociedades primitivas da Europa. Neste livro, publicado pela primeira vez em 1884, Engels relata como o surgimento do excedente nas sociedades mais antigas impulsionou a desigualdade e criou a divisão de tarefas que definiam que à mulher caberia dedicar-se a cuidar da casa e dos filhos e aos homens ficaria a tarefa de trabalhar na indústria. Apontado como um dos clássicos dentro da tradição marxista, “A Origem da Família, da Propriedade Privada e do Estado”, que ganha nova edição no Brasil pelo Grupo Editorial Edipro, trouxe – e ainda coloca em pauta – debates sobre Estado, representação da mulher na sociedade e assuntos referentes à propriedade privada. O autor recorre ao materialismo histórico e estabelece um novo determinante da ordem social para além das relações de produção: o nível de desenvolvimento da família. (A origem da família, da propriedade privada e do Estado, Friedrich Engels, Editora Edipro, 224 páginas, R$ 48,50)

Gamificação como incentivo à mudança de vida
Acordar mais cedo, emagrecer, economizar e investir dinheiro… Qual a melhor estratégia para ajudar as pessoas a finalmente atingirem dos pequenos aos grandes objetivos de vida? O professor, neuropsicólogo e psicanalista Lourival Junior publica “Uma Nova Vida” não para ser apenas mais um livro esquecido na estante de quem busca por desenvolvimento pessoal, mas uma ferramenta para, de fato, ser lida e colocada em prática. A lombada invertida, posicionada à direita, é o primeiro elemento que impacta na hora de manusear a obra. Desta forma, a leitura precisa ser feita ao contrário, da última página à primeira; uma técnica de gamificação que desafia o leitor a se manter atento e mais consciente para absorver o conteúdo. Com o passar dos dias será possível perceber a neuroplasticidade – capacidade de o cérebro se adaptar a novos padrões de experiência -, grande aliada das mudanças de comportamento propostas no livro. Em forma de diálogo e objeções, o professor Lourival espalha pelas páginas de “Uma Nova Vida” pequenos exercícios práticos, citações motivacionais e recursos visuais diferenciados para melhor entendimento de conceitos e exemplos. Ele utiliza de todas as ferramentas para tornar a mudança uma prática prazerosa. (Uma Nova Vida – Como conquistar a vida que merece, Lourival Junior, Editora Ofício das Palavras, 354 páginas, R$ 84,90)

O Menino que Desenhou Auschwitz
Lançado agora em março pelo Grupo Editorial Alta Books através do selo Alta Life, o livro “O Menino que Desenhou Auschwitz” conta a história de Thomas Geve, que com apenas 13 anos de idade foi separado de sua mãe e levado para um dos campos de concentração destinados para homens, em Auschwitz I. Apoiado na coragem e vontade de viver, Geve sobreviveu 22 meses a um dos maiores horrores da humanidade. Trabalhou como pedreiro e foi nesse momento que com apenas folhas de sacos de cimento e pedra de carvão ele começou a desenhar, retratando seus dias e rotinas. Com a liberdade, os desenhos originais foram perdidos, mas aquilo jamais se apagaria de sua memória, dois anos depois Thomas refez todos os desenhos e adicionou texto dando início então ao projeto de seu livro. O adolescente Thomas, com caráter e perspectiva singulares, nos leva por meio de seus desenhos e de seu testemunho escrito a uma jornada impactante às profundezas dos campos de morte durante a 2ª Guerra Mundial. Ele revela um mundo feito pelos homens – repleto de crueldade, perversidade e brutalidade, é conduzido por ódio e divisão. Mas também nos mostra a vida daqueles que lutaram bravamente para sobreviver e manter a esperança e o ânimo. (O Menino que Desenhou Auschwitz, Thomas Geve, Grupo Editorial Alta Books, 320 páginas, R$ 73,90)

A fragilidade humana na Guerra de Canudos
Na aridez do sertão baiano, com armas em punho sob o sol escaldante, tropas avançam prontas para dizimar civis e enfrentar jagunços que têm como trunfo o conhecimento geográfico – e a capacidade de sobreviver em situação miserável. A fome, a desidratação, as feridas abertas, as privações de sono e descanso rondam ambos os lados, assim como os urubus se aglomeram ansiosos pelas sobras dos embates. Por esse cenário inóspito, Roosevelt Colini, que assina como R. Colini, convida o leitor a uma jornada de sobrevivência no livro “Entre as Chamas, Sob a Água”. O romance histórico retrata a brutalidade da Guerra de Canudos, em uma terra banhada em sangue e desesperança, onde a dignidade é arrancada e a humanidade se esvai. No meio desse massacre, que eviscerou ambos os lados, o protagonista, um jovem combatente do exército brasileiro, perde a empatia, a fé e o propósito. Acostumado às estratégias militares que forjaram os heróis nos campos de batalha, ele logo percebe o despreparo e a incompetência do exército para aquele cenário. O livro mostra que, sem instrução acerca do comportamento dos jagunços na guerra, o pelotão é surpreendido por um “inimigo invisível”. Para sobreviver, o soldado atravessa a trincheira e passa a combater os próprios colegas, enquanto sucumbe à solidão e ao odor podre da guerra. (Entre as Chamas, Sob a Água, R. Colini, Editora Labrador, 160 páginas, R$ 49,90)
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