Opinião

EDITORIAL | Agro faz a diferença

EDITORIAL | Agro faz a diferença
Crédito: Reprodução Adobe Stock

Depois de dois anos de resultados modestos o agronegócio brasileiro exibe perspectivas bastante positivas para 2023, com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) estimando alta de 14,7% na produção, o que deve totalizar 302 milhões de toneladas ou mais, um recorde histórico para o setor. Algo que mais uma vez pode fazer a diferença, garantindo expansão do Produto Interno Bruto (PIB) de até 1,3% e, melhor, devendo afastar o risco de que o País conheça, este ano, mais um período de recessão técnica. Se no ano passado e anterior as condições climáticas foram desfavoráveis, agora favorecem a expansão prevista, num processo que vai além do campo e chega num momento de demanda externa também em expansão, embora os preços das commodities agrícolas prossigam exibindo tendência negativa.

Reforçando o otimismo, dados da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq) indicam que o setor opera na perspectiva de que seja colhida mais uma supersafra, pressionando a demanda por máquinas e equipamentos agrícolas positivamente, o mesmo devendo acontecer com insumos e logística. São fatores negativos para o setor a oferta e custo de crédito, além de infraestrutura de transporte e armazenamento deficientes, apontam produtores ainda que num clima predominante de confiança, especialmente com relação às culturas de soja. O estrangulamento dos portos é outro ponto mencionado com insistência. Principalmente diante das estimativas de que a safra de soja chegará a 153 milhões de toneladas, com as vendas externas somando 92 milhões de toneladas, mais um recorde para o País. Outro ponto a considerar é que a maior oferta de alimentos no mercado interno ajudará a conter a inflação.

De qualquer forma, mesmo havendo o que comemorar com as notícias que chegam do campo, persistem motivos de preocupação com relação ao conjunto da economia brasileira. Especialistas que procuram desenhar o cenário para o ano assinalam, principalmente, que a desaceleração na indústria e nos serviços poderá ser maior do que o esperado. E apontam na direção das taxas de juros como um dos fatores de inibição de negócios e investimentos, ao lado das incertezas presentes no mercado internacional. Nesse ambiente, estímulos capazes de provocar reações mais rápidas poderiam representar a grande diferença para o conjunto da economia, para a perspectiva de cada indivíduo e de cada negócio.

Estamos falando, em termos mais amplos, da recuperação sustentada tão aguardada e necessária, adiada fundamentalmente por conta de injunções políticas que ainda estão por ser superadas. Eis o foco a ser retomado.

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