Estudantes aquecem mercado de locação

Reconhecida por ter um ecossistema educacional forte e atrair estudantes e professores de todo o País, Belo Horizonte vive um fenômeno comum às cidades universitárias: um movimento extra nas imobiliárias a cada início de semestre letivo.
Calouros e veteranos buscam acomodações próximas às escolas – para evitar grandes deslocamentos – em bairros com boa infraestrutura e serviços. Os novatos, via de regra, chegam acompanhados pelos pais que fecham os contratos e se responsabilizam por todas as despesas. Não é raro as mães que “acampam” por longos dias ou até meses no apartamento escolhido para dar suporte ao filho.
A fase mais intensa desse movimento, que começa em dezembro, já passou, porém, ainda restam os atrasadinhos ou a turma que deixa todas as preocupações para depois do Carnaval.
De acordo com o diretor da imobiliária Netimóveis Coração Eucarístico, Arthur Santos – que tem sua unidade de negócios bem próxima ao campus da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC-Minas) -, o auge do movimento acontece nos primeiros dias de fevereiro e, dessa vez, passado o pior momento da pandemia, o movimento foi ainda maior do que em 2019, chegando a zerar o estoque de imóveis de dois quartos na região.
“Essa é a melhor época para mim por conta da proximidade com a universidade. Mantenho a equipe completa. Em fevereiro deste ano zeramos o nosso estoque. A retomada pós-pandemia é muito importante. Nos últimos anos, marcados pelo homeschooling, tivemos um mercado muito ruim, com muitos imóveis desocupados, inclusive os comerciais. As empresas ao redor da universidade sofreram muito com a ausência dos alunos. Esse segmento ainda não se recuperou totalmente”, explica Santos.
A preferência dos estudantes é por apartamentos de dois quartos, já que muitos dividem a moradia com um colega – geralmente da mesma cidade – ou querem ter um espaço apropriado para receber a família quando visita. O pedido por mais de um banheiro também é comum.
“Muitas vezes o compartilhamento da moradia já vem combinado da cidade natal do estudante. As famílias vêm juntas escolher o imóvel e dividem os custos. Também é comum que uma seja a locadora e a outra a fiadora”.

Segundo a diretora da Céu-Lar, Daniela Magalhães, a pesquisa pelo imóvel ideal começa à distância, pela internet, e os pais chegam já sabendo o que querem. À medida que o curso avança, os próprios estudantes começam a tomar a decisão sobre o melhor lugar.
“É um perfil muito variado. Tem os que preferem apartamentos menores com menor custo e outros que querem algo mais amplo para se unir com outros colegas. Acontece de vir grupos da mesma cidade”.
As regiões da Pampulha, por causa da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais), e o Coração Eucarístico, por causa da PUC-Minas são os mais procurados, mas outras universidades e as escolas federais de ensino médio – Coltec/UFMG e Cefet-MG – também movimentam o mercado”, destaca Daniela Magalhães.
Apesar da fama de bagunceiros, os universitários são um público desejado pelos proprietários e investidores. O pagamento do aluguel é tido como certo, já que é um compromisso assumido pelos pais. Para solucionar a dificuldade em conseguir um fiador na Capital, as imobiliárias aceitam seguro-fiança e títulos de capitalização como garantia.
Esse movimento costuma render, inclusive, para a vertical de vendas das companhias.
“Não é tão raro a família chegar para alugar e acabar comprando um imóvel. Como a maioria vem com tempo para escolher e tem a perspectiva que o filho vá continuar morando na Capital depois de formado, a compra pode se mostrar um bom investimento, inclusive para o aluguel para outros estudantes no futuro”, pontua o diretor da imobiliária Netimóveis Coração Eucarístico.
A expectativa, agora, é pela movimentação a partir de junho, com os estudantes que vão começar os estudos no segundo semestre.
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