Opinião

EDITORIAL | Uma missão importante

EDITORIAL | Uma missão importante
Crédito: Reuters/Thomas Peter

O presidente Lula embarca neste final de semana para sua terceira viagem à China, primeira no atual mandato e depois de ter estado em Washington, onde foi recebido pelo presidente Biden. A China, além de segunda maior economia do planeta, é o maior parceiro comercial do Brasil, com trocas bilaterais que chegaram a US$ 152 bilhões, contra US$ 88,8 bilhões com os Estados Unidos no mesmo período. Minas Gerais embarca com direção à China 32,5% de suas vendas externas, com destaque para minério de ferro, soja, carne bovina, nióbio e outros minerais.

Em Pequim ao confirmar oficialmente a visita e o encontro com o presidente Xi Jinping, o Ministério das Relações Exteriores  local afirmou que os dois países caminham para uma nova era nas suas relações, buscando “um novo futuro”e promovendo associação estratégica integral, contribuindo para “a promoção da estabilidade e da prosperidade regional e global”. Para a diplomacia chinesa, geralmente contida, uma acolhida apontada como diferenciada, evidenciando o interesse em apagar as diferenças deixadas pelo governo anterior. Mais amplamente, é o mesmo que pretende o presidente brasileiro.

Um dos aspectos cruciais da gestão Bolsonaro foi exatamente o viés que imprimiu na esfera diplomática, que redundou em isolamento contrariando  toda uma tradição positiva largamente reconhecida no exterior. O Brasil se isolou como nunca anteriormente, mesmo com relação ao seu principal parceiro comercial, em diversos momentos alvejado com críticas absolutamente impertinentes. Reparar os danos causados e a imagem negativa consequente figura entre as maiores preocupações do atual governo, conforme o presidente Lula apontou já no seu discurso de posse quando prometeu um diálogo “altivo e ativo” com os Estados Unidos, Europa e China.

Com este propósito o presidente Lula está embarcando para Pequim, de onde espera regressar trazendo na bagagem pelo menos 20 acordos bilaterais, alcançando as mais diferentes áreas de interesse para o Brasil, como redução de barreiras nas exportações agrícolas, além de educação, cultura, finanças, ciência e tecnologia, bem como ações voltadas para a reindustrialização, nesse caso com perspectiva de novos e importantes investimentos diretos. Observadores bem situados já registraram que, nesse campo, poderão ocorrer surpresas impactantes.

Mais que aproximação e alinhamento com a segunda economia global, que marcha aceleradamente para ocupar a primeira posição, a viagem do presidente Lula a Pequim é mais uma evidência de que o Brasil recupera sua posição no cenário internacional e, consequentemente, também seus melhores interesses.

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