Opinião

O impacto de consumidores conscientes na forma de fazer negócios

O impacto de consumidores conscientes na forma de fazer negócios

Luciano Auto*

O mundo em constante e acelerada transformação tem nos trazido muitas mudanças e de todas as formas. Não poderia ser diferente no consumo.

Nós, consumidores, e os negócios, passamos por um grande impacto nos últimos anos e isso nos gerou grandes transformações na nossa forma de ver o mundo e o que consumimos. Apesar de ainda termos um longo caminho pela frente, o ato de consumir está cada vez mais consciente, quer ver?

Um estudo da Nielsen mostrou que 42% dos consumidores brasileiros estão mudando seus hábitos de consumo para reduzir seu impacto no meio ambiente. Mais conscientes, também, 58% não compram produtos de empresas que realizam testes em animais e 65% não compram de empresas associadas ao trabalho escravo; e tem mais 57% dos participantes de uma pesquisa da McKinsey que já fizeram mudanças em seus estilos de vida para diminuir seu impacto no meio ambiente após a pandemia de Covid-19.

Mas a consciência vai para além destes hábitos do dia a dia e mostra que só se valorizarão as empresas que perceberem isso, enxergando o consumidor de forma profunda e com real conexão. Esta mudança é necessária e tem que ser a próxima fase da relação consumidor-empresa, que foi passando por várias etapas.

Os negócios, inicialmente, se voltaram para o produto e não para o cliente. O que valia era vender o que era produzido sem se importar sobre o que o cliente realmente queria ou precisava, tendo até a máxima de que “o cliente não sabe o que quer até nós (empresa) falarmos”. Depois veio o entendimento de que o consumidor tinha um processo de decisão de compra a seguir em qualquer decisão, indo da etapa de perceber a necessidade até o pós-compra, e dominar isso seria um diferencial competitivo. A evolução continua quando chegamos na economia da experiência, percebendo que qualquer cliente busca muito mais que o produto em si e suas funcionalidades, eles querem e precisam de experiências para se conectar a marcas e serviços. Esta caminhada nos traz ao consumidor em transição para um consumo mais consciente, mas afinal de contas quem é ele?

O consumidor consciente leva em conta, ao escolher os produtos que compra, o meio ambiente, a saúde humana e animal, as relações justas de trabalho, além de questões práticas como preço e a sua relação com a marca. O consumidor consciente quer se perceber como agente transformador da sociedade por meio do seu ato de consumo.

E como o Capitalismo Consciente pode ajudar as empresas neste aspecto? Pode ajudar e muito pois o nosso segundo princípio é a integração dos stakeholders, que são todas as partes interessadas e envolvidas com o negócio, sendo que os clientes são um dos principais atores neste princípio.

Acreditamos que o propósito de todas as empresas, fundamentalmente, gira em torno da criação de valor para os clientes, conforme afirma o nosso livro referência Capitalismo Consciente – como libertar o espírito heroico dos negócios. A grande busca é estabelecer relações de lealdade e confiança com os consumidores, traduzindo isto em todas as etapas da jornada do cliente com o negócio.

Empresas conscientes abordam o marketing de um jeito diferente do tradicional. O marketing deve ser visto como meio de melhorar a qualidade do relacionamento com os clientes e todas as ações devem aprofundar a relação com o cliente por meio da construção de confiança.

O entendimento de que tudo é, e deve ser, sobre pessoas (dentro e fora das empresas). Nessa construção a busca por resultados tem um outro viés muito mais consciente, e o consumidor busca cada vez mais marcas e empresas que tenham esta visão e a coloquem em prática.

Isto tem tudo a ver com a grande busca das empresas, hoje, em relação a criação de valor de marca, trazendo o Capitalismo Consciente e sua prática como um grande aliado no processo de branding, um valor tangível e intangível ao mesmo tempo – é quanto a marca vale e como ela é percebida pelos seus stakeholders; como ela soluciona o problema do seu usuário e, ao mesmo tempo, contribui com ações efetivas para transformar o mundo em um lugar melhor. O consumidor está cada vez mais atento a isso em todos os seus momentos de consumo.

Seguir por este caminho pode ser a grande resposta que as empresas tanto procuram e a certeza de um cenário melhor para todos nós no futuro. Temos que começar agora!

*Estrategista de Marketing e Vendas; Consultor, Mentor e Palestrante; Mestre em Comportamento do Consumidor e Conselheiro da Filial Regional do Capitalismo Consciente em Belo Horizonte

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