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IDEIAS | Lançamento na Academia Mineira de Letras

IDEIAS | Lançamento na Academia Mineira de Letras
Crédito: Alisson J. Silva/Arquivo DC

Nair Costa Muls *

Será lançado na Academia Mineira de Letras, amanhã (30), o livro “Luiz de Carvalho Bicalho, Memórias de uma trajetória intelectual e política”. Organizado por Ivan Domingues, Solange Cervinho Bicalho Godoy e Miriam Hermeto e publicado pela Editora UFMG. Ideia e pedido do ex-reitor da UFMG, professor Cid Veloso, levado à frente pelos organizadores do livro em questão, Ivan e Solange (filha de Bicalho) com a ajuda de Miriam Hermeto, professora da Fafich e expert em memória e história oral. 

Luiz de Carvalho Bicalho foi uma figura excepcional. Grande filósofo, professor sempre atento, preparando suas aulas com todo cuidado e carinho, sem perder nunca o seu “ethos” de “intelectual de esquerda”; ativista político sempre engajado na luta por uma sociedade justa e solidária, colega atento, sempre acolhedor e afetuoso. Filiado ao PCB em 1945 – que havia sido fundado em Belo Horizonte em 1932, por José Costa, dele se desligou em 1958. Mas nunca recuou diante das dificuldades da vida revolucionária, à qual se associou desde os tempos de estudante e que muito afetou a sua vida familiar; nem recuou diante dos sofrimentos vividos com as várias perdas sofridas (sua primeira mulher e dois de seus filhos, que morreram de maneira trágica).  Era uma pessoa serena, acolhedora, amiga de todos os que o cercavam: seus colegas professores, seus alunos, as pessoas dos diferentes setores da UFMG, dos sindicatos dos quais fez parte. Foi inclusive, um dos fundadores da APUBH- Associação dos Professores Universitários de Belo Horizonte. O mais interessante é que   Marx e Sartre, “suas grandes afinidades eletivas e paixões intelectuais”, no dizer de Ivan Domingues, marcaram a sua posição filosófica e política, que fizeram dele o filósofo excepcional, o professor por excelência e “o colega, o companheiro, o amigo, o guru”, como diz o também saudoso colega e também excepcional professor de sociologia da Fafich, Délcio Vieira Salomom.

O livro é uma justa e merecida homenagem ao mestre de várias gerações, marxista, sartriano e comunista, um combatente ardoroso por uma sociedade justa e inclusiva, uma liderança intelectual, um homem “determinado, perspicaz, cordial, amoroso, bonito, calmo, boêmio e sensível, pai gentil e amigo” (Solange Cervinho Bicalho Godoy, “Para Além do pai que tive” p. 17).

* Pós-doutora em Sociologia, professora aposentada da UFMG/Fafich

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