Na terça, dia 4, o lançamento da revista da Academia

Rogério Faria Tavares*
Em sessão gratuita e aberta ao público, a Academia Mineira de Letras (AML) lança na terça-feira que vem, 4 de abril, às 19:30 horas, na sede da rua da Bahia, o número 82 da sua mais que centenária revista, fundada em 1922 pelo então presidente da agremiação, o poeta Mário de Lima. Com 568 páginas, o volume também conta com a versão digital, que estará disponível, na íntegra, no site da AML na internet.
Com capa do artista Conrado Almada, o novo número tem o texto da ‘orelha’ assinado pelo professor Fernando Mencarelli, pró-reitor de Cultura da UFMG, e poema de abertura de Flávia de Queiroz. Na tradicional seção ‘Sobre os acadêmicos’, os leitores encontrarão ensaios sobre Abgar Renault (escrito por seu neto, o diplomata Caio), João Vale Maurício (pelo acadêmico Manoel Hygino dos Santos) e Vivaldi Moreira (de autoria de José Maria Couto Moreira). Em seguida, vem o dossiê sobre os trezentos anos do Teatro em Minas, organizado pelo professor Marcos Alexandre e por mim.
Na primeira parte da densa coletânea de artigos sobre as artes cênicas mineiras, intitulada ‘Perspectiva histórica’, aparecem textos valiosos sobre a cena teatral no estado nos séculos dezoito e dezenove, com destaque para o que se fazia nas cidades coloniais. A primeira metade do século vinte também merece o devido espaço, assim como as duas primeiras décadas do século XXI, que ganham detalhado panorama.
Na segunda parte, há reflexões sobre a trajetória dos dramaturgos mineiros, a crítica teatral, os cenógrafos que fizeram história no estado (como Décio Noviello e Raul Belém Machado), a relação entre o teatro e a música, e a iluminação no teatro. A porção seguinte do dossiê é dedicada aos diretores e justa ênfase é dada ao trabalho de nomes como Jota Dangelo (ocupante da cadeira de número 26 da AML), Pedro Paulo Cava, Ronaldo Boschi, Ione de Medeiros, Eid Ribeiro, Wilson Oliveira, Maurício Tizumba, Rui Moreira, Cida Falabella, Angela Mourão e João das Neves.
Igualmente impossível seria narrar a saga do teatro em Minas sem estudar os seus grupos. O dossiê da revista recupera a história do teatro experimental, do teatro universitário, de O Grupo, do Galpão e do Ponto de Partida, de Barbacena. O Giramundo não foi esquecido, assim como o Espanca!, de Grace Passô, a Cia. Luna Lunera e o Quatroloscinco.
Movimentos teatrais como os organizados pelo movimento negro, o Festival Internacional do Teatro e da Dança (criado quando a acadêmica Antonieta Cunha era a secretária de Cultura de Belo Horizonte) e a Campanha de Popularização do Teatro são também assuntos para os competentes autores que participaram da construção desse memorável dossiê, que ainda contempla a trajetória do teleteatro da antiga TV Itacolomi e a biografia de atores e atrizes inesquecíveis, como Wilma Henriques, Elvécio Guimarães, Rogério Falabella e Haydée Bittencourt.
Como é possível verificar, o número 82 é mais que uma revista. É um documento histórico valioso, que já nasce como fonte de pesquisa e de consulta para alunos, professores e para todos os apaixonados pelo tema. Fundada para produzir e, sobretudo, para partilhar o conhecimento, a AML cumpre, assim, a sua missão, com a certeza de contribuir para um país melhor, que respeita e celebra a sua cultura.
* Jornalista. Doutor em literatura. Presidente da Academia Mineira de Letras
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