Economia

Minas ganha importância como polo produtor de equipamentos de defesa

Estado concentra a fabricação de equipamentos importantes para as Forças Armadas, como blindados e helicópteros
Minas ganha importância como polo produtor de equipamentos de defesa
Fábrica da Helibras, em Itajubá, é responsável por atender boa parte da demanda no País | Crédito: Renato Olivas/Helibras

Minas Gerais é um dos importantes polos de produção de equipamentos de defesa do Brasil. Apesar de concentrar 5% das empresas cadastradas no Ministério de Defesa (MD), no Estado são fabricados itens de alto valor agregado como blindados e aeronaves usadas pelas Forças Armadas do Brasil e de outros países. 

A cadeia produtiva de equipamentos de defesa conta, atualmente, com 140 fabricantes cadastrados na base nacional da indústria, segundo o Ministério da Defesa. 

Sete Lagoas, na região Central, Ipatinga, no Vale do Aço, e Itajubá, no Sul do Estado, são algumas das cidades responsáveis por projetar Minas Gerais como um importante polo de equipamentos de defesa. 

Essas fabricantes são classificadas como Empresas Estratégicas de Defesa (EED) e tratam-se de empresas caracterizadas pelo uso intensivo de alta tecnologia de defesa, entre equipamentos blindados, ferramentas de proteção e de aeronaves. 

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De acordo com o comandante da Marinha e coordenador da Secretaria de Produtos de Defesa (Seprod), Erick Clairson Medeiros Rodrigues, apenas algumas fabricantes são classificadas como EED, pois a participação acionária dessas plantas industriais são compostas, em sua grande maioria, por executivos brasileiros. “Já as empresas dos quais a participação acionária é estrangeira, a classificação é apenas de Empresa de Defesa (ED)”.

“A representatividade da indústria mineira de defesa, por exemplo, é estratégica e fortemente voltada para a produção de helicópteros. Essa produção, atualmente, é representada de maneira importante pela Helibras, que está em Itajubá”, cita o coordenador da pasta.

Segundo o militar, a empresa é a única companhia fabricante de helicópteros para uso civil e militar no mercado sul-americano. “A Helibras é uma indústria que tem um relacionamento muito forte com a Academia das Forças Armadas, assim como também com o mercado. Há uma atuação bastante interessante, de maneira comercial, com outros países estrangeiros no âmbito da América do Sul, principalmente com a exportação da aeronave Esquilo, tornando o Estado um importante exportador”, diz. 

O comandante reforça que a capilaridade e a capacidade produtiva da Helibras fazem com que, – quase que em sua totalidade -, a segurança nacional utilize aeronaves da fabricante mineira. “A aeronave Esquilo, tenho quase certeza que sim, é empregada por 90% das polícias dos entes federativos. Até mesmo a Marinha, a Aeronáutica e o Exército Brasileiro utilizam esse modelo de aeronave vinda da indústria de defesa de Minas Gerais”, elenca.

Atualmente, os principais parceiros comerciais de Minas Gerais e do País são os Estados Unidos e os países dos Emirados Árabes. “Acontece que temos realizado importantes negociações comerciais com outros países também. Recentemente, a Hungria recebeu duas aeronaves produzidas aqui, e Portugal recebeu três aeronaves para as forças armadas portuguesas”, pontua Erick Rodrigues.

Blindagem militar 

A fábrica da Iveco Defence Vehicles, em Sete Lagoas, inaugurada em 2013 e com uma estrutura de 30 mil m², é uma das maiores produtoras de transporte de tropas. Tamanho relacionamento existente entre a companhia e as Forças Armadas, é que o primeiro produto nacional lançado pela unidade mineira foi a Viatura Blindada de Transporte de Pessoal (VBTP-MR), mais conhecida como Guarani. Até o momento, centenas de veículos já foram entregues ao Exército Brasileiro. 

Parte dos insumos para a produção de blindados militares, por exemplo, é produzida e exportada por empresas instaladas em Minas Gerais. A ArcelorMittal e a Usiminas, por exemplo, fornecem linhas especiais de aço para blindagem, que possuem alta resistência mecânica. 

Dados da base industrial de defesa no Brasil

Efeitos da guerra 

O cenário de conflito entre a Rússia e a Ucrânia que já ultrapassa 400 dias ininterruptos, oportunizou por pouco tempo um novo ângulo para a análise da realidade da indústria de defesa nacional. O comandante e Coordenador de Gestão de Recursos de Defesa, na Escola Superior de Guerra (ESG), Sérgio Luiz Stopatto, ressalta que os impactos foram mínimos.

“A guerra está sendo bem ruim para os países envolvidos quanto para os países do Leste europeu. No entanto, para a nossa base industrial de defesa não tivemos reflexo, pois a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) tem dado todo o apoio necessário à Ucrânia, o que não nos prejudicou”, avalia o representante do curso. Atualmente, no Estado, o Curso de Gestão de Recursos de Defesa (CGERD), é ministrado nas instalações da Capitania Fluvial de Minas Gerais, no bairro Belvedere, Zona Sul de Belo Horizonte.

Em números 

Apesar de o relatório da Base Industrial de Defesa de 2022 não ter sido divulgado oficialmente pelo Ministério da Defesa, os dados de 2021 são robustos. O setor industrial de defesa gerou R$ 200 bilhões na economia brasileira, representando 4% do Produto Interno Bruto (PIB). Se computadas ainda as cadeias produtivas indiretas, o índice chega a quase 7,5% do PIB. 

Na receita de comercialização internacional, R$ 1,7 bilhão foram gerados em 2021, com importante atuação de estados como São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro. 

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