Endividamento tem estabilidade em BH

O índice de endividamento entre os belo-horizontinos ficou em 89,4% em março. O indicador subiu 0,1 p.p. ante fevereiro e apresenta uma tendência de estabilidade em níveis elevados, já que esse é o décimo mês seguido que o nível de endividamento na Capital se encontra acima de 84,9%. Dentre os endividados, 69,5% possuem contas atrasadas há mais de um mês.
Esses dados são da Pesquisa sobre Endividamento e Inadimplência dos Consumidores de Belo Horizonte (Peic), analisada pelo Núcleo de Pesquisas e Inteligência da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo de Minas Gerais (Fecomércio-MG) empregando os dados da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC).
A economista da Fecomércio-MG, Gabriela Martins, lembra que esse índice de endividamento na Capital já perdura desde o final de 2022, quando as pessoas estavam à procura de crédito para o consumo de final de ano. Ela ainda conta que o indicador continuou alto no início deste ano devido aos gastos tradicionais desse período, como as compras de materiais escolares e o pagamento de impostos como IPVA e IPTU.
Gabriela Martins revela que a expectativa é de que haja uma redução no indicador causada por diversos motivos, como a injeção de renda na economia por meio dos programas sociais do governo federal, como o Minha Casa Minha Vida, e o mercado de trabalho mais aquecido. A economista explica que com o aumento da renda as pessoas passam a realizar mais compras à vista, diminuindo, assim, o endividamento.
O levantamento mostra que o cartão de crédito foi o principal responsável pelo endividamento da maioria dos consumidores (85,5%) em fevereiro deste ano e esse número sobe para 95,7% entre as famílias com renda superior a dez salários mínimos.
No mês de março, 48,2% das famílias residentes em Belo Horizonte disseram estar com suas contas em atraso; o índice é ainda maior entre aquelas com renda de até dez salários mínimos (56,3%).
Além disso, 11,1% das famílias não terão condições de quitar seus débitos, 0,2 p.p. abaixo do registrado em fevereiro. Porém, quando os consumidores foram perguntados sobre o endividamento pessoal, separado da família, o percentual daqueles que afirmam não ter condições de quitar a dívida sobe para 23%. Isso significa que a família está arcando com as dívidas de seus membros.
Orçamento familiar
As dívidas comprometem, em média, 29,2% do orçamento do mês. Elas ainda abarcam mais de 10% da renda de 73% das famílias da capital mineira, sendo que em 20,5% dos casos, as dívidas comprometem mais de 50% do orçamento mensal. O comprometimento com dívidas acima de 50% do orçamento é considerado situação de superendividamento.
Essa pesquisa também revela que apesar de quase 90% das famílias belo-horizontinas estarem comprometidas com algum tipo de pendência financeira, 41,7% dos consumidores se consideram pouco endividados. Para a economista da Fecomércio-MG, isso pode ser explicado pelo fato de nem todas as pessoas considerarem os gastos com o cartão de crédito como um tipo de endividamento.
Outro possível fator para essa percepção de endividamento, apontado por Gabriela Martins, é a falta de planejamento das famílias. Já que muitas não se consideram endividadas por acumular um conjunto de dívidas menores.
Tempo médio de comprometimento
Entre as famílias endividadas, 59% envolveram sua renda com pendências financeiras por um período igual ou superior a três meses. Já o tempo médio de comprometimento de renda com as dívidas ficou em 5,8 meses.
Durante o levantamento, 36,9% das famílias de Belo Horizonte relataram que suas contas pendentes já ultrapassaram 90 dias de atraso no pagamento. A Peic também aponta que o tempo médio de atraso das dívidas é de 57,4 dias.
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