Agronegócio

Caracterização do queijo do Ibitipoca tem início

Caracterização do queijo do Ibitipoca tem início
Crédito: Divulgação

Registros históricos dão conta de que a produção de queijo artesanal na região mineira Serras do Ibitipoca existe há mais de dois séculos.  Porém, até hoje, o produto não recebeu uma caracterização oficial, com detalhes sobre atributos específicos, para que passe a ter padrão e qualidade certificados.

Com o objetivo de preencher essa lacuna e agregar valor à iguaria secular, pesquisadoras do Instituto de Laticínios Cândido Tostes (ILCT), vinculado à Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig), têm trabalhado na coleta e em análises laboratoriais para definirem a composição e os aspectos microbiológicos do queijo.

Ao final do trabalho, relatórios técnicos serão elaborados para auxiliar nos processos de padronização do produto da região, que foi reconhecida oficialmente como produtora de Queijo Minas Artesanal (QMA) em 2020.

Professora e pesquisadora da Epamig ILCT, e coordenadora do projeto, Renata Golin conta que, atualmente, não há quase nenhum material oficial a respeito da composição do queijo artesanal produzido nas Serras da Ibitipoca, e que isso acabou afastando muitos produtores locais da atividade queijeira.

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“Verificamos em recente estudo publicado pela extensionista Maria Dalva Pereira que a região produz queijos artesanais desde, pelo menos, 1822. No entanto, não há nenhuma publicação científica sobre sua composição microbiológica e aspectos composicionais. Isso fez com que muitas pessoas deixassem de produzir a iguaria, pois a comercialização era muito difícil. A partir desse trabalho, acredito que vamos conseguir agregar mais valor ao queijo local, que passará a ter características definidas, o que aumenta a procura por parte dos consumidores”, argumenta.

O projeto de caracterização foi aprovado em edital universal da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig) e teve início oficial em outubro de 2022, com série de treinamentos sobre boas práticas de fabricação de queijos, oferecidos pela Epamig ILCT em parceria com a Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais (Emater-MG) e a Associação dos Produtores de Queijo Minas Artesanal da Região Serras da Ibitipoca (Aproq).

 “Fizemos reuniões com membros da Aproq para apresentar nosso projeto e convocar produtores locais a participarem da pesquisa, fornecendo exemplares de seus queijos para análises em laboratório. Também fizemos levantamento de dúvidas e principais dificuldades enfrentadas por eles durante a produção”, explica Renata Golin.

O processo de coleta dos exemplares começou em fevereiro de 2023 e seguirá da seguinte forma: cinco coletas realizadas de um mesmo lote, durante 60 dias, na estação de chuvas (fevereiro a abril); posteriormente, mais cinco coletas de um novo lote, durante 60 dias, na época de seca (junho a agosto). 

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