“A gente não vai bem, mas nunca se mobilizou tanto”

O cenário atual da Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU) não é positivo na avaliação do CEO do Pacto Global no Brasil, Carlo Linkevieius Pereira. Lançado em 2000, o Pacto Global orienta e apoia a comunidade empresarial global no avanço das metas e valores da organização por meio de práticas corporativas responsáveis.
“Quando a gente observa a Agenda 2030 nos temas sociais, ambientais e de governança, percebemos que a gente não vai bem, seja no mundo, no Brasil e também aqui em Minas. Por outro lado, a gente nunca se mobilizou tanto enquanto sociedade em torno de uma agenda”, disse. Apesar dos problemas, Pereira afirma que o potencial para fazer a diferença está nas ações e engajamento de cada um dos entes da sociedade.
O CEO do Pacto Global esteve ontem no DIÁRIO DO COMÉRCIO para uma conversa com a redação sobre os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), Agenda 2030 e Movimentos.
Entre os percalços, ele destaca que a pandemia e a guerra da Ucrânia interferiram negativamente nas ações que esbarram em questões culturais, em especial, as que têm relação com o conservadorismo ou que estão associadas às pautas consideradas de teor progressista. “Há uma retração dos empresários por medo de ataques”, afirmou.
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O representante do Pacto Global no Brasil citou o recente caso do impasse entre o governador da Flórida, Ron DeSantis, e a Disney. No fim de fevereiro deste ano, o político do Partido Republicano assinou uma lei para retomar controle de uma área administrada pela gigante do entretenimento. O motivo do desentendimento aconteceu no ano passado, quando a Disney criticou uma lei promovida por DeSantis que proíbe abordar questões relacionadas à orientação sexual e identidade de gênero nas escolas primárias da Flórida sem o consentimento dos pais.
Responsabilidade da imprensa
Na visita ao DIÁRIO DO COMÉRCIO, Pereira falou à redação sobre a importância da sustentabilidade na cobertura da imprensa especializada de economia e, especialmente, no papel desses conteúdos na transformação global.
Com o objetivo de promover a consolidação desses objetivos e da agenda, além de promover ações que colaborem com as metas da ONU entre os mineiros, foi criado o Movimento Minas 2032 – Pela Transformação Global (MM2032), idealizado pelo DIÁRIO DO COMÉRCIO e pelo Instituto Orior.
“Nosso grande desafio é democratizar a agenda, além de informar, formar”, destacou a presidente do DIÁRIO DO COMÉRCIO e idealizadora do movimento e presidente, Adriana Costa Muls.
O diretor do Instituto Orior e coordenador do MM2032, Raimundo Soraes, que também esteve presente ao encontro, acrescentou que hoje as empresas contam com dados e tecnologia e, logo, o que falta, em muitos casos, é a decisão de fazer. “A chave está na liderança”, frisou.
Avanços
O CEO do Pacto Global no Brasil observou que um dos avanços nos últimos anos nas corporações é o relatório de sustentabilidade. “Isso não existia há 20, 30 anos”, diz. Entretanto, há áreas que precisam de mais investimentos, como a da saúde mental, em especial, no Brasil, que é o País mais ansioso do mundo e um dos líderes de burnout (síndrome do esgotamento, cujo principal sintoma é a exaustão extrema no trabalho). “Não há movimento corporativo no País que trata de saúde mental”, destacou. Ele acrescentou que a próxima agenda começa a ser definida no próximo ano.
Além da visita ao DIÁRIO DO COMÉRCIO, Pereira também participou do evento “Desafios e Oportunidades para o Setor empresarial no ODS 06 em Minas”, na sede da Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa), no bairro Santo Antônio, região Centro-Sul de Belo Horizonte.
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