Gestão de projetos é um convite à reinvenção permanente

Geneviève Poulingue*
A gestão de projetos é uma área da administração de empresas que funda novas propostas, por meio da articulação de conhecimentos, habilidades e recursos necessários para o desenvolvimento de um serviço, produto ou entrega específicos.
Nesse sentido, os gerentes de projeto são a encarnação representação máxima da agilidade e da inovação dentro de um negócio. E a forma de realizar essa preciosa missão vem evoluindo desde que a função começou a ser demandada como cargo nas empresas há cerca de 60 anos.
O mundo do projeto e sua história são anglo-saxônicos. Suas origens remontam às associações profissionais criadas nos Estados Unidos nos anos 1960 por grandes empresas de engenharia e instituições públicas. O Project Management Institute (PMI), associação de profissionais, ensinou a gestão de projetos a partir da perspectiva de planejamento detalhado apoiado por ferramentas de gestão. As boas práticas, então, começaram a surgir e a se difundir. E as diferenças setoriais são agora vistas como menos importantes do que a atividade unificadora de gerenciamento de projetos.
Nesse novo cenário, novos atores econômicos delegaram aos gerentes de projetos a árdua tarefa de desenvolver formas criativas únicas, dentro de um prazo e dentro de um orçamento definidos, para conquistar resultados especiais e, normalmente, onde residem muitas expectativas.
E o mercado aceitou os novos padrões americanos de gestão, numa época em que o desempenho industrial e comercial do Japão estava começando a se preocupar. Mas foi somente nos anos 90 que a França começou a integrar a gestão de projetos em suas empresas.
A pesquisa de gerenciamento de projetos na França começou no Norte. Roger Declerk, professor-pesquisador da Universidade de Lille, deu uma visão extremamente clara do que torna o mundo dos projetos único: a distinção projeto-operação. Declerck é o autor do método MAP (gerenciamento e análise de projetos), desenvolvido no livro Méthode de Direction Générale, em coautoria com Debourse e Navarra.
Este método de gestão enfatiza as dimensões da formalização de projetos e da comunicação humana. A interação dinâmica entre os tomadores de decisão e os analistas é essencial e se vale de sequências alternadas de ação e treinamento, onde a materialização de ideias e intercâmbios será propícia à criatividade, graças ao uso de técnicas psicossociológicas. Para construir os processos de criação coletiva e para garantir a integração dos projetos em funcionamento, o método MAP procurou, então, desenvolver ou mesmo proteger a criatividade e abriu caminhos centrados no princípio da convergência.
O treinamento para que eles se formem profissionais de visão multidisplinar iplos e se mantenham permanentemente atualizados requer, portanto, uma adaptação constante possibilitada pela pesquisa neste campo, no qual a SKEMA foi uma das pioneiras na França.
Manter acesa a chama do questionamento acerca de como ensinar a gestão de projetos é o que faz da Faculdade Skema referência em ensino de Gestão de Projetos. É visto que nessas 6 décadas, muito do que se ensina está relacionado às necessidades das empresas aliado ainda às necessidades de formação global dos profissionais desse novo milênio.
Todas essas novas realidades deram e dão origem a novas sensibilidades que, por sua vez, compõem e atualizam nossas metodologias. Podemos destacar, entre aquelas que dominam hoje, a gestão ágil de projetos, a gestão de projetos Agile Scrum, a gestão de projetos Green e outras abordagens que enfatizam a necessidade de flexibilidade, sem negligenciar a obrigação de formalizar o projeto antes de iniciá-lo.
Além da pesquisa e do ensino, a Skema é uma organização baseada na gestão inovadora de projetos. Muitas vezes, ela desafia os ventos de proa para desenvolver estes ensinamentos em seus nove campi internacionais. Como reitora do campus brasileiro, posso testemunhar isso. Através do gerenciamento de projetos, novos desafios e oportunidades como a dimensão multicultural, o aprendizado sobre novas ferramentas digitais e a transformação social que estamos experimentando foram integrados a esta experiência no campus da Skema em Belo Horizonte.
Nosso programa de ensino de gerenciamento de projetos envolve muitos profissionais convidados a apresentar experiências tão únicas quanto as dos megaprojetos de infraestrutura que o Brasil tão urgentemente necessita! Essa é uma grande experiência para nossos alunos e aquela capaz de completar sua qualificação para certificações reconhecidas internacionalmente.
É importante completar ainda que cada época tem suas utopias e questões gerenciais com o gerenciamento de projetos. E não podemos deixar de salientar que esta última tem, às vezes, mostrado seus limites. Desde a escalada dos projetos até os riscos de burn-out. Vivemos em um momento que o tempo é um precioso ativo e precisamos lançar mão dele nas oportunidades de reflexões sobre nova a virtude de energia do começo e também da pausa. Muitas vezes, um período de regeneração entre vários grandes projetos permite que uma grande inovação floresça, novos conhecimentos sejam disseminados dentro da empresa, surja um novo significado ou compromisso entre os atores do projeto ou – apenas – haja uma pausa para a tomada de um novo fôlego. Isso porque a gestão de projetos passa pela mão humana e é preciso aceitar os mais variados convites a se reinventar.
*É economista, presidente da Câmara de Comércio Internacional França Brasil/ Minas Gerais e reitora da Faculdade Skema Business School
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