Maior parte dos pequenos negócios em Minas não deve ou tem contas em dia

Quase oito em cada dez micro e pequenas empresas (MPEs) de Minas Gerais não possuem débitos ou estão com as contas em dia. Simultaneamente, apenas um em cada quatro pequenos negócios tiveram alta no faturamento de janeiro frente ao mesmo período de 2022.
É o que aponta a segunda edição da pesquisa Pulso dos Pequenos Negócios, realizada pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) em parceria com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Participaram do levantamento, 662 empresários mineiros, de um total de 6.208 entrevistados de todo o País.
Dentre os participantes do Estado, 38% afirmaram não ter empréstimos no momento. Outros 38% disseram ter dívidas, mas com a quitação sendo feita dentro do prazo. Enquanto isso, 25% responderam que têm empréstimos em atraso, portanto, estão inadimplentes.
Ao mesmo tempo, quando questionados sobre como ficou o faturamento do primeiro mês de 2023 se comparado a janeiro do ano passado, somente 25% dos entrevistados declararam que houve aumento. Ao passo que 40% disseram que o faturamento diminuiu. Outros 24% afirmaram que permaneceu igual e 10% não sabia ou não quis responder.
A pesquisa também perguntou o que hoje mais traz dificuldade para os pequenos negócios. Para 39%, o maior problema se refere à elevação dos custos de insumos, mercadorias, combustíveis, aluguel e energia. A falta de clientes aparece na sequência, com 27% das respostas. Já a pandemia parece não afetar mais os empresários e foi opção de somente 1%.
Ainda em relação aos custos, 79% dos proprietários revelaram ter sofrido com aumento nos últimos 30 dias. Esse incremento, no entanto, não foi repassado aos clientes por 48%. Outros 41% disseram ter realizado repasse parcial, enquanto somente 8% fizeram repasse total.
Queda no faturamento e custos altos podem elevar a inadimplência
Para o gerente da Unidade de Inteligência Empresarial (Uine) do Sebrae Minas, Fernando Sasso, a recente queda no faturamento e a preocupação dos empresários quanto a alta dos custos e a redução do número de clientes podem sinalizar uma maior dificuldade na condição de honrar pagamentos e, consequentemente, uma elevação da inadimplência daqui pra frente.
Segundo ele, a pressão inflacionária, o elevado custo do crédito e até mesmo a sua escassez têm impactado os pequenos negócios, que em um primeiro momento, podem optar por não repassar os custos aos clientes e nem mesmo buscar empréstimos. Neste caso, inclusive, o levantamento mostra que 72% dos proprietários não buscaram empréstimos no mercado nos últimos três meses. Logo, procuram outras alternativas para alavancar os empreendimentos.
Um dos caminhos é a venda on-line. Quando perguntados se utilizam redes sociais, aplicativos ou internet para comercializar os produtos e serviços, 69% dos pequenos negócios disseram que sim. Dentre os canais mais utilizados pelos empresários, se destacaram o Whatsapp (86%), Instagram (61%), Facebook (40%) e loja própria virtual (11%).
Apesar dos obstáculos, pequenos negócios estão otimistas
Embora as adversidades preocupem os proprietários que precisam se adequar ao mercado e procurar novas possibilidades, 65% deles acreditam que este ano será melhor que 2022.
“Se temos, por um lado, a questão do crédito caro e escasso pressionando para baixo, por outro temos um número de pessoas empregadas e uma massa salarial maior do que no ano passado. Isso de alguma forma garante uma compensação relativa a ganho. Então, na medida que isso se mantiver, teremos um reflexo positivo em todos os segmentos”, destaca Sasso.
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