Economia

Fusão entre Hermes Pardini e Fleury movimentará o mercado

Operação entre os dois gigantes da medicina diagnóstica do Brasil será oficializada na próxima sexta-feira
Fusão entre Hermes Pardini e Fleury movimentará o mercado
O Grupo Fleury aposta na captura de sinergias de custos e e despesas, considerando a eficiência logística do Hermes Pardini | Crédito: Leo Lara/Árvore de Comunicação

A fusão entre dois gigantes da medicina diagnóstica brasileira, Fleury e Hermes Pardini, aprovada há algumas semanas pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), promete revolucionar o mercado nacional. As complementaridades geográficas e de portfólio, a serem oficializadas na próxima sexta-feira (28), quando será consumada a operação, permitirão uma expansão de 24% da população alcançada pelos laboratórios em todo o País.

O negócio foi anunciado em meados de 2022, em transação por troca de ações e dinheiro. Ficou estabelecido que 90% do valor serão pagos em troca de ações, o que, na prática, significa que para cada ação do Hermes Pardini os acionistas receberão 1,21 ação ordinária do Fleury. Os demais 10% da operação serão pagos em dinheiro: R$ 273 milhões.

As expectativas acerca da combinação dos negócios e das bases acionárias dos laboratórios são tamanhas, que a estimativa de ganhos de rentabilidade a partir do negócio já gira em torno R$ 200 milhões a R$ 220 milhões por ano em Ebitda, conforme fato relevante divulgado pelo Fleury, no último dia 17. Novas fusões e aquisições também estão no radar.

“Quando anunciamos a combinação de negócios em junho de 2022, a estimativa era de R$ 170 milhões a R$ 190 milhões, mas com os trabalhos dos últimos seis meses alcançamos um nível maior. Esperamos que a captura de sinergias seja em torno de 95% até o fim do terceiro ano de operação e avaliamos que 90% das sinergias estão relacionadas a custos e despesas, considerando a eficiência logística do Pardini, por exemplo. O restante (10%) voltado para produtividade e receita”, explicou a presidente do Grupo Fleury, Jeane Tsutsui, em entrevista exclusiva ao DIÁRIO DO COMÉRCIO.

Entre as sinergias citadas no fato relevante, destaque para melhores condições no relacionamento com fornecedores, na logística, com a unificação de rotas logísticas e roteirização de atendimento móvel; ganhos de escala e otimização de ativos e insumos, e produtividade e receitas, com a entrada em novas linhas de negócios B2B, transbordo de volume entre marcas, teleradiologia, telemedicina e toxicologia.

Segundo Jeane Tsutsui, a fusão fortalece a ambição do grupo de se tornar um líder de saúde no Brasil, bem como colabora para a oportunidade de agregar valor para o sistema, uma vez que se trata da aquisição do terceiro maior grupo de medicina diagnóstica do País pelo segundo maior.

O resultado final é uma empresa com dezenas de marcas, R$ 7,1 bilhões em receita líquida, R$ 1,6 bilhão de Ebitda, 20 mil colaboradores, 4 mil médicos, 520 unidades de atendimento e 277 milhões de exames por ano.

“E passamos a ter uma atuação nacional, por meio das unidades de atendimento Fleury e do Pardini e os negócios B2B, que somam mais de 7 mil laboratórios em todo o País”, completa. Antes da fusão, o Fleury estava em 11 estados por meio de suas unidades próprias, e a chegada do laboratório mineiro agrega outros três para a lista, totalizando 14.

Jeane Tsutsui e Santoro passamos a ter atuação nacional | Crédito: Ricardo Teles

Hermes Pardini chega com expertise no mercado B2B

Outro importante ganho proporcionado pelo Pardini diz respeito aos negócios B2B, ou tradicionalmente conhecidos no segmento por lab-to-lab. É que o Fleury atuava no segmento de forma mais “tímida”, nas palavras da executiva. Enquanto o grupo paulista processava cerca de 1 milhão de exames por ano, o mineiro alcançava a marca de 111 milhões anuais.

“A grande referência sempre foi o Pardini. E aí está a beleza da combinação. Teremos a complementaridade das unidades de atendimento e dos negócios. É realmente uma junção de forças”, diz.

Roberto Santoro, ex-presidente do Grupo Pardini, passa a ocupar o cargo de Presidente da Unidade de Negócios lab-to-lab do grupo Fleury. Também em entrevista exclusiva ao DIÁRIO DO COMÉRCIO, ele ressalta sobre a consolidação da marca ao longo de mais de 60 anos de atuação e garante que permanecerá relevante em toda Minas Gerais e nas demais regiões em que atua, no relacionamento com clientes e operadoras de saúde.

“A marca cresceu muito ao longo do tempo, adquiriu outras e continuará nesse processo de liderança e relevância no mercado local. No contexto nacional, se junta ao grupo Fleury em busca de aprendizado e fortalecimento para atuar no mercado de medicina diagnóstica com eficiência e solidez”, resume.

Santoro também enaltece as contribuições do Núcleo Técnico Operacional (NTO), localizado em Vespasiano, na RMBH, que chega para se somar ao hub de produção do Fleury, situado em São Paulo.

“Ambos são projetos de alta excelência que agora vão se complementar. Em Minas, temos uma tecnologia que permite grandes volumes e rapidez na entrega de resultados combinada com logística nacional de excelência para os clientes. São mais de 300 rotas logísticas no Brasil para atendimento em mais de 200 municípios”, completa.

Por fim, questionados sobre a continuidade dos projetos de compras e aquisições, uma vez que o Pardini também vinha, ao longo dos últimos anos, expandindo sua base de atuação por meio da junção a outros negócios, os executivos afirmaram que a companhia permanecerá de olho nas oportunidades.

“Vivemos um momento macroeconômico marcado por juros altos, o que eleva o custo do capital, mas continuamos como empresa combinada olhando para oportunidades, com disciplina e seguindo parâmetros financeiros. Temos um time de M&A que acompanha negócios que façam sentido para a estratégia e objetivos da companhia”, conclui a presidente do Grupo Fleury.

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