Dia Livre de Impostos terá produtos com valor até 70% menor em BH

Imposto, imposição, cobrança obrigatória. Há vários adjetivos, mas o impacto é o mesmo para quem se sente afetado financeiramente. As altas taxas tributárias que incidem sobre as mercadorias e serviços brasileiros são um assunto que gera insatisfação em grande parte dos consumidores. E, como uma forma de promover um ambiente de conscientização da classe dos comerciantes, no dia 25 de maio Belo Horizonte terá quase mil lojas do varejo participando do Dia Livre de Impostos.
A data será marcada pela isenção de tarifas tributárias durante um dia inteiro. Desta forma, os lojistas vão arcar por conta própria com o valor do imposto oferecido como uma forma de desconto aos seus clientes.
Pelo Hipercentro e principais corredores comerciais da Capital, os produtos serão comercializados por um valor até 70% menor que o praticado diariamente. A informação é da Câmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDL-BH), fomentadora da 17ª edição do movimento na cidade.
“Os impostos corroem o poder de compra dos brasileiros. Se eles não fossem tão abusivos, as famílias teriam um consumo maior e melhor. Além disso, somos um dos países onde mais se trabalha para pagar impostos“, argumenta o presidente da CDL-BH, Marcelo de Souza e Silva.
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Campanha chama a atenção para a Reforma Tributária
Segundo Marcelo Silva, a ação mobilizante é também uma forma de chamar a atenção do poder público para a urgência da Reforma Tributária no País. O assunto mal entrou em discussão novamente e já divide opiniões entre críticos, especialistas e representantes de classes.
Nos últimos dias, a Reforma Tributária entrou como pauta de encontros do Congresso Nacional. A forma como o poder público vem discutindo o assunto preocupa uns e consola outros, conforme aponta o professor de Economia da PUC Minas Flávio Constantino.
“O imposto é um recurso necessário para financiar a saúde pública, a educação, a segurança e tantas outras questões básicas que uma nação precisa aplicar para atender às necessidades. Não adianta querer que o Brasil dê às pessoas saúde pública, educação e afins sem ter como financiar isso. Digo neste aspecto pois a função do imposto é justamente financiar o gasto do governo”, explica o docente.
No Brasil, o Sistema Tributário Nacional (STN) arrecada mais impostos sobre o consumo do que sobre a renda ou patrimônio dos brasileiros. Aproximadamente 70% das arrecadações de impostos por parte do governo recaem sobre a cultura do consumismo.
Quanto Brasil, Minas e BH já arrecadaram em impostos este ano?
No Brasil, a marca de R$ 1 trilhão em impostos pagos já foi ultrapassada. Mais especificamente em Minas Gerais, o Estado já atingiu nesta quarta-feira (2) o montante de R$ 77,9 bilhões pagos em impostos aos governos federal, estadual e municipal somente no acumulado do ano de 2023.
No âmbito da cidade de Belo Horizonte, a arrecadação tributária está próxima de R$ 1,7 bilhão em impostos. Os dados integrantes do Impostômetro fazem parte de levantamento do Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação (IBPT), em conjunto com a Associação Comercial de São Paulo (ACSP).
“São valores exorbitantes que, infelizmente, não retornam para a população e tornam a vida do consumidor mais cara. O comerciante, infelizmente, precisa repassar esses valores para o preço final do produto para manter a loja em funcionamento, gerando emprego e renda”, destaca o representante da CDL-BH.
Sobre o posicionamento do representante da entidade, o professor Flávio comenta que a carga tributária que se cobra no Brasil depende do quanto esse mesmo governo costuma gastar. “Se, na prática, um governo gasta mais, o País consequentemente tem que arrecadar mais. Se o governo brasileiro gasta menos, ele vai arrecadar menos. Isso envolve uma questão sempre política”, diz.
“Às vezes um empresário deixa de apostar numa unidade filial de sua empresa em determinada região porque os custos com impostos são altos. Ou seja, ele dá um passo para trás. O mesmo ocorre com o consumidor que deseja um produto, mas acaba desistindo porque nele estão os impostos embutidos que resultam num preço final não atraente. Por isso, a Reforma Tributária é necessária para reorganizar essas situações de cobrança”, acrescenta o economista.
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