Finanças

Decisão sobre juros dita rumos da Bolsa de Valores no Brasil

Com taxas elevadas, investidores devem optar pela renda fixa, que tem retorno garantido e risco menor
Decisão sobre juros dita rumos da Bolsa de Valores no Brasil
Crédito: Adobe Stock

As decisões em relação às taxas de juros no Brasil e nos Estados Unidos irão ditar os rumos da B3 em maio. Ao encerrar abril com valorização de 2,5%, mas ainda acumular perdas de 4,83% no quadrimestre, as expectativas em relação ao desempenho da bolsa de valores são cautelosas. Caso os juros não sejam reduzidos no Brasil e ocorra uma nova alta nos EUA, a tendência é que investidores apostem mais na renda fixa, ativo que tem garantido retorno e possui risco menor.

Segundo o especialista e sócio da Valor Investimentos, Gabriel Meira, em abril, o Ibovespa finalizou em torno de 104.000 pontos, alta de 2,5%. Mas, agora no início de maio, iniciou com tendência de queda.  

“A queda, agora no início de maio, é muito por conta da expectativa nessa semana de política monetária mundial, com decisões no Brasil e nos Estados Unidos que irão impactar bastante e vão ditar o rumo do que será interessante para a bolsa, tanto no ano quanto no mês corrente. A gente ainda tem uma taxa de juros muito elevada e a possibilidade de mais uma alta de juros nos Estados Unidos, o que deve manter a nossa taxa aqui mais elevada também. Então, isso tudo, vai ditar o tom para maio”. 

Ainda segundo Meira, se os Estados Unidos subirem em mais 0,25 pontos, elevando a taxa de juros para cerca de 5,2%, a tendência será de queda na bolsa.

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“Se a alta ocorrer, será um pouco mais de dinheiro que vai lá para fora e também vai balizar a nossa decisão do Comitê de Política Monetária (Copom), que deve manter a taxa Selic em 13,75%. Isso tudo é inerente à bolsa para baixo. O desempenho da bolsa vai depender muito do tom desses dois bancos centrais”.

Em relação aos setores que podem performar melhor ao longo do mês, Meira mantém as expectativas do início do ano, apostando em setores que são mais anticíclicos.

“Nossas expectativas, desde o começo do ano, continuam sendo as empresas que distribuem mais dividendo, como as companhias de saneamento e de energia elétrica. A gente tem falado muito de bancos e financeiras, porque são setores que conseguem manter uma margem de lucro e distribuir dividendos, independentemente do cenário que está ocorrendo. Elas conseguem ser minimamente mais protetivas. Então a gente tem preferido empresas desse setor”, explicou.

O CEO da iHUB Investimentos, Paulo Cunha, destaca que o começo do ano foi bem difícil para a bolsa de valores e que talvez agora, comece a se vislumbrar o cenário com um pouco mais de clareza, mas ainda com bastante indefinição.

“No Brasil, no início do ano, houve bastante frustração com a entrada do novo governo, que todos esperavam que fosse ser um pouco mais ao centro, com medidas não tanto no sentido de querer revogar acertos feitos na gestão passada, como, por exemplo, o marco de saneamento, a reforma trabalhista e o próprio arcabouço fiscal”.

Com tantas indefinições no Brasil, a bolsa de valores desvalorizou. “Por isso, a gente viu a bolsa caindo lá dos 112.000 pontos, para 103.000 a 104.000 que a gente vê hoje. Mas, ainda é um sentimento de apatia, um sentimento de falta de interesse por parte dos investidores em ativos de risco aqui na bolsa brasileira”.

Os juros mais altos no Brasil e no mercado externo também ajudam os investidores a fugirem do risco. Segundo Cunha, com os juros muito altos e prêmios bastante interessantes, investir em ativos de renda fixa se tornou uma boa opção.

“Isso, sem dúvida nenhuma, faz o investidor, principalmente a pessoa física, varejo, a não colocar mais dinheiro na bolsa de valores e até mesmo vender os papéis e aplicar em renda fixa. Por outro lado, vemos os gringos comprando Brasil. A gente vê que o único fluxo que ainda está segurando a bolsa, um pouquinho, é o fluxo externo. Os investidores de fora estão aproveitando os preços baratos aqui e os investidores locais vendendo e migrando para renda fixa”.

Para Cunha, os setores com maior resiliência continuam sendo os de matérias primas, como o petróleo, e empresas fortes. “Empresas maduras e fortes geradoras de caixa são interessantes. Temos a Vale, que está sofrendo um pouquinho mais por causa do minério de ferro, e as empresas de saneamento, de energia. Eu acho que elas têm uma resiliência maior. Mas, na prática, a gente está falando de quem caiu menos, porque todo mundo caiu”.

Em relação aos setores que mais caíram, Cunha destaca as empresas de tecnologias, as varejistas e empresas mais alavancadas, principalmente, as construtoras que acabam sofrendo mais por esse momento de maior aversão.

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