Vendas do polo têxtil de Divinópolis têm queda de 25%

O polo têxtil de Divinópolis, no Centro-Oeste do Estado, registrou queda de aproximadamente 25% nas vendas durante os meses de fevereiro e março na comparação com o mesmo período do ano anterior. A alta taxa de juros e a concorrência com os sites chineses foram os principais motivos para a retração citados pelo presidente do Sindicato das Indústrias de Vestuário de Divinópolis (Sinvesd), Mauro Célio de Melo Júnior.
O dirigente conta que este início de ano foi muito difícil para o setor, com uma grande incerteza no mercado devido à troca de governo. Ele ainda afirma que as empresas do setor têxtil estão bastante temerosas quanto à reforma tributária e cautelosas com seus investimentos.
Ele explica que a alta taxa de juros dificulta e até impossibilita a busca por recursos financeiros, causando uma ausência de capital de giro em algumas empresas. Já sobre a concorrência dos chineses, Mauro Júnior afirma que ela poderá dizimar o setor a médio prazo se nada for feito.
Dia das Mães
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Quanto aos pedidos para o Dia das Mães, o presidente do Sinvesd disse que eles já foram entregues, porém, muito abaixo do registrado em 2022. Ele ainda diz que a data comemorativa é a esperança do setor para alguma melhora, mas que, infelizmente, não será o bastante para recuperar as últimas perdas. “A demanda foi menor este ano. Por causa do início ruim de ano e das perspectivas de futuro incerto”, explica.
Já sobre os custos de produção, Mauro Júnior revelou que estão estáveis, pois a demanda está baixa.
Ele também afirmou que não há uma falta de mão de obra na indústria têxtil, mas também não está havendo novas contratações. “O setor deu uma estagnada”, revelou.
O polo têxtil de Divinópolis tinha um projeto para criar uma marca própria, mas o presidente do sindicato que representa o setor no município disse que atualmente esse plano está parado e não há previsão para um retorno no curto prazo.
Concorrência desleal
Mauro Júnior conta ainda que o maior desafio para o setor têxtil será a concorrência desleal dos produtos que não pagam impostos. Para ele, será difícil concorrer com os produtos piratas vendidos na internet e nas feiras de grandes cidades e também com aqueles comercializados em sites como Shein e Shoppee.
Já o presidente do Sindicato das Indústrias de Fiação e Tecelagem no Estado de Minas Gerais (Sift-MG), Rogério Mascarenhas, destacou que o fato de o governo federal ter voltado atrás e mantido a isenção de tributação para encomendas do exterior entre pessoas físicas até US$ 50 não foi algo interessante para o setor, já que a cadeia de abastecimento têxtil dentro do País já sofre com uma cobrança de até 70% de impostos. “Com a isenção de tributação que a Shein está tendo, por exemplo, ela vai criar uma vantagem muito perigosa”, contestou.
Na visão de Mascarenhas, essa vantagem para as empresas que exportam para o Brasil é preocupante, pois ela pode se estender a outros aplicativos e outros produtos importados. Ele ainda ressaltou que se o governo não quiser aumentar a tributação, ele terá que fazer uma reforma tributária mais audaciosa, que desonere as empresas brasileiras.
A Shein fechou um acordo com a Springs Global, que detém a marca das empresas mineiras Coteminas e Santanense, e também anunciou um investimento de R$ 750 milhões no Brasil. Essas ações dividem opiniões, pois elas podem alavancar o setor em Minas Gerais, mas também gerar prejuízos para a indústria nacional.
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