Agronegócio

Energia ainda é desafio para o agro

Interrupções frequentes no fornecimento são problema antigo e causam grandes prejuízos
Energia ainda é desafio para o agro
Dos R$ 18,4 bilhões que serão investidos em distribuição pela Cemig, parte importante irá para áreas rurais | Crédito: Paulo Whitaker/ Reuters

Os recorrentes problemas com o fornecimento de energia elétrica no campo têm gerado diversos prejuízos para os produtores rurais. Entre as principais queixas estão as constantes quedas, oscilações na rede e demora no restabelecimento da energia. Esses gargalos causam perdas frequentes de equipamentos, atraso nos serviços e na perda da produção.

De acordo com a assessora técnica do Sistema Faemg/Senar, Aline Veloso, os problemas com a energia elétrica no meio rural são frequentes e vem causando prejuízos importantes no desenvolvimento do agronegócio de Minas Gerais. “O fornecimento de energia elétrica no campo é um problema antigo, sistêmico. A Faemg tem articulado com diversas entidades do setor e buscando soluções junto aos responsáveis”.

Ainda segundo Aline, os problemas referentes ao fornecimento da energia são enfrentados pelos produtores rurais em todas as regiões do Estado. A má qualidade do serviço tem causado danos em equipamentos elétricos, perda de produção pela demora no restabelecimento da energia, atrasos nos serviços e desestimulando investimentos na tecnificação do setor.

“A energia elétrica é essencial para tocar as atividades no campo e para a vida dos consumidores. Ela é essencial para o desenvolvimento econômico das regiões e para os investimentos do produtor em tecnologias. Queremos continuar produzindo e, por isso, a energia é cada vez mais importante”.

De acordo com pesquisa feita pela Faemg, junto a produtores que participam do programa de Assistência Técnica e Gerencial (ATeG) das cadeias do café, bovinocultura de corte e de leite, em 12 meses, dos 8.858 produtores respondentes, 42% disseram que frequentemente tiveram queda de energia e 37% disseram que faltou três vezes.

Com as interrupções no fornecimento de energia, 45% dos respondentes registraram queima de equipamentos, a perda de produto foi registrada por 32% dos produtores e o atraso nos serviço por 20%. Quanto à resposta das empresas fornecedoras de energia em relação aos problemas enfrentados, 52% dos produtores responderam que o retorno não é rápido.

“Os problemas no fornecimento de energia elétrica comprometem as mais diversas atividades rurais no Estado. No caso do leite, é frequente a perda do produtos. No café, as oscilações de tensão prejudicam o processo pós-colheita, gerando perdas na qualidade do café. Na produção de frangos e suínos a energia elétrica é essencial para a climatização das granjas, a falta por gerar a morte dos animais. A irrigação também é comprometida quando há falta de energia”, explicou.

Entre as demandas apresentadas ao setor elétrico pelos representantes do agronegócio de Minas Gerais, está a necessidade de ampliação da rede trifásica – o que pode garantir maior estabilidade nas redes de energia no meio rural e redução dos custos, uma vez que os equipamentos tendem a ter preços mais acessíveis. Também já foi solicitada a criação de linhas de crédito para aquisição de geradores elétricos. 

Também já foi solicitada a desoneração da carga tributária sobre a energia na produção, o que tornaria a produção mais competitiva em Minas. 

Cemig garante que está melhorando serviço

Questionada sobre as ações desenvolvidas para solucionar os gargalos com o fornecimento de energia no campo, a Cemig, em nota, informou que, recentemente, anunciou seu maior plano de investimentos, que totaliza R$ 42,2 bilhões até 2027.

“Esses investimentos – que já foram iniciados – reforçam a presença da empresa em Minas Gerais, com foco nas áreas de atuação da companhia: geração, transmissão e distribuição de energia, geração distribuída e comercialização de gás. O novo plano de investimentos prevê o montante de R$ 18,4 bilhões na área de distribuição, e parte importante vai para as áreas rurais do Estado”, explicou em nota. 

Ainda segundo a Cemig, entre as melhorias estão a construção de mais de 3,5 mil quilômetros de linhas de distribuição e de 136 subestações, dando prosseguimento ao Programa Mais Energia, incluindo as regiões rurais, que terão a possibilidade de ligar novas cargas com a entrada em operação das novas unidades.

Voltado para a população das áreas rurais, o plano de investimentos também contempla a continuidade do Minas Trifásico, que está ampliando em 30 mil quilômetros a rede trifásica no interior. Essa ampliação possibilitará, em especial, o fortalecimento da agricultura e pecuária, com potencial para se tornarem agronegócio.

Além disso, para reduzir o tempo de interrupção do fornecimento de energia na zona rural, foram instalados 7.500 religadores automáticos no ano passado. Neste ano, serão instalados outros 7.500 equipamentos.

“Esses equipamentos trazem um grande benefício para a continuidade do fornecimento de energia, pois recompõem o sistema elétrico automaticamente, no menor tempo possível, em caso de interrupções por defeitos transitórios”.

Em recente audiência realizada na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) para discutir desafios do agronegócio, o diretor da Cemig Distribuição, Marney Tadeu Antunes, admitiu que tem dificuldades para atender todas as demandas de seus consumidores, mas disse que a empresa tem trabalhado para melhorar a qualidade do seu serviço.

Segundo Marney, a Cemig tem 400 mil km de rede rural, dos quais 303 mil km são monofásicos, que não garantem carga suficiente nem estabilidade do serviço. Para resolver esse problema, a empresa lançou o programa Minas Trifásico, para converter 30 mil km de redes monofásicas até 2027.

O diretor reconheceu que a demanda reprimida por energia elétrica é muito grande na zona rural, mas garantiu que a Cemig vem trabalhando para fazer frente às necessidades de seus consumidores. “Sabemos que temos dificuldades, mas os investimentos estão sendo feitos”, afirmou.

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